O jornalista Afonso Praça, autor do Novo Dicionário de Calão e do romance O Coronel que Morreu de Sentido: A História de Um Bravo Militar Contada em Prosa de Jornal e Versos de Cego, bem como de uma escrita carregada de humor, está perpetuado na toponímia do Restelo, desde que o Edital de 10/02/2004 o colocou no arruamento entre a Rua Alda Nogueira e o Impasse C, nas proximidades da rua com o nome de outro jornalista, Alberto Vilaverde Cabral.
Nascido transmontano, Afonso Emílio Praça (Felgar/13.10.1939 – 02.05.2001/Lisboa) foi um inconfundível artesão da escrita que viveu em Lisboa mais de 40 anos conhecendo como poucos os meandros desta cidade que fez sua; um cronista que usou amiúde Lisboa como cenário; um gastrónomo dos sabores e aromas da identidade portuguesa e um jornalista profundamente conhecedor da língua portuguesa. Licenciado em Filologia Românica, trabalhou como jornalista nas revistas Flama, Vida Mundial e Visão bem como nos jornais Diário de Lisboa, República e Jornal de Letras, para além de ter dirigido o Jornal de Educação (1977), o mítico Sete e o semanário humorístico Bisnau (1983) e, ainda ter fundado O Jornal (1975) e dado a sua colaboração a inúmeros periódicos regionais.
Afonso Praça foi também Presidente do Sindicato dos Jornalistas (1974-75), membro da direção da Casa da Imprensa e ainda professor na Escola Superior de Comunicação Social (1976-77), na Escola Secundária dos Olivais (1980-81), em Cursos para Estrangeiros da Faculdade de Letras de Lisboa e também em diversos cursos de formação em Comunicação.
O autor do Novo Dicionário de Calão (2001), produziu ainda outras obras de que se destacam Um Momento de Ternura e Nada Mais- Tópicos de Capricórnio (crónica,1995), O Coronel que Morreu de Sentido: A História de Um Bravo Militar Contada em Prosa de Jornal e Versos de Cego (romance, 1996), Receitas Afrodisíacas e Desenhos Eróticos (com desenhos de Francisco Simões, 1997) e Festas e Comeres do Povo Português (em colaboração com Maria de Lourdes Modesto, 1998-99).
Como conhecido amante da gastronomia portuguesa, Afonso Praça foi também o autor do programa televisivo Portugal de Faca e Garfo mas também colaborou nos programas Terra a Terra Minha Gente, Memória de Um Povo, Cartas na Mesa, Jornais e Jornalistas, Faz de Conta (com Raul Solnado), para além de ter sido o Altíssimo Júri no concurso Um, Dois, Três, assim como jurado no Quem Conta um Conto (com Mário Zambujal). Fez também incursões no cinema, com a adaptação do romance de Manuel Mendes intitulado Pedro: romance de um vagabundo, em co-autoria com Fernando Assis Pacheco, para o guião de base de Pedro Só (1972) de Alfredo Tropa, no qual também representou um pequeno papel e, oito anos mais tarde, o mesmo cineasta convidou-o a encarnar o sacerdote do filme Bárbara (1980).