Leve, levemente, como quem chama por Augusto Gil

na Freguesia de São João de Deus - na futura Freguesia do Areeiro

na Freguesia de São João de Deus – na futura Freguesia do Areeiro

Neste dia em que se comemora o 140º aniversário do poeta Augusto Gil, célebre pela sua «A Balada da Neve», lembramos que o mesmo dá nome  à antiga Rua E do projecto aprovado em sessão de 30/03/1923, situada entre a Avenida João XXI e a Rua João Villaret, desde a publicação do Edital de 12/03/1932, tendo a  proposta aprovada em Câmara fundamentado a sua intenção de «Galardoar individualidades que, pelo seu talento, saber e Patriotismo, muito ilustraram a Pátria Portuguesa».

Augusto César Ferreira Gil (Lordelo do Ouro/31.07.1873  – 26.11.1929/Guarda), viveu desde os três anos na Guarda, donde os pais eram oriundos, e formou-se em Direito na Universidade de Coimbra, onde privou de perto com um grupo de ilustres oradores e poetas como Alexandre Braga, Fausto Guedes, Teixeira de Pascoais, num tempo em que prevalecia a poesia lírica de João de Deus que o inspirou. A sua vasta obra, composta por uma poesia simples, foi adaptada pelo povo que ainda hoje o canta em variadíssimos fados. Na sua poesia notam-se influências do Parnasianismo e do Simbolismo. Influenciado por Guerra Junqueiro, João de Deus e pelo lirismo de António Nobre, a sua poesia insere-se numa perspectiva neo-romântica nacionalista. De várias obras dispersas, destacam-se as publicações de «Alba Plena», onde pretende relatar a vida da mãe de Jesus sendo os últimos dois versos deste poema o seu epitáfio no cemitério da Guarda: «e a pendida fronte ainda mais pendeu/e a sonhar com Deus, com Deus adormeceu». Distinguiu-se também com «A Balada da Neve» inserida em «Luar de Janeiro»: «Batem leve, levemente, como quem chama por mim. Será chuva? Será gente? Gente não é, certamente e a chuva não bate assim». A «Canção da Cigarra» traz à tona a sua veia satírica sobre as mulheres e a sociedade daquela época. De toda esta obra destaca-se sem dúvida alguma a sua verdadeira obra-prima, uma série de quadras que compõem a «Canção das Perdidas».

na «Ilustração Portuguesa», 1926

na «Ilustração Portuguesa», 1926

Mestre Ricardo d’A Equipa de Todos Nós numa Rua de Marvila

Placa Tipo IV

Placa Tipo IV                                         (Foto: Sérgio Dias)

Mestre Ricardo, o jornalista que criou o epíteto de «A Equipa de Todos Nós» para a Selecção Nacional de Futebol, dá o seu nome de Ricardo Ornelas a uma Rua  do Bairro das Flamengas, desde a publicação do Edital de 24/09/1996, concretizando uma sugestão do Casa Pia Atlético Clube.

Ricardo Amaral Ornelas (Lisboa/31.12.1899 – 04.09.1967/Lisboa) foi jornalista desde 1920 em A PátriaA Tarde, Diário de Notícias, Diário Popular, bem como do Mundo Desportivo, Os Sports, Gazeta Desportiva, O Atlético, O Casapiano e das revistas Football, Ás, Eco dos Sports , Stadium e, a partir de 1944, de A Bola e do Record. Destacou-se na memória portuguesa como o criador do slogan «A Equipa de Todos Nós» para designar a Selecção Nacional de Futebol da qual até foi seleccionador em 1928, bem como pelo facto de com Cândido de Oliveira e Ribeiro dos Reis, formar a trindade dos jornalistas casapianos que alicerçaram a paridade entre jornalistas ao estilhaçar os preconceitos que diferenciavam aqueles que trabalhavam nos diários daqueles que o faziam nos periódicos desportivos, já que estes últimos não tinham direito a carteira profissional.

Ricardo Ornelas também escreveu livros sobre o desporto de uma forma geral, sendo de salientar a sua História dos Desportos em Portugal (1940), em parceria com  Tavares da Silva e Ribeiro dos Reis.

Como ex-aluno da Casa Pia também integrou o grupo de 18 elementos que em 1920 fundou o histórico Casa Pia Atlético Clube, emblema do qual seria também treinador de futebol e de natação. Ricardo Ornelas fora jogador, técnico e dirigente desportivo pelo que foi agraciado com a medalha de bons Serviços Desportivos (1966) e, em 1984, o então Ministério da Qualidade de Vida instituiu o Prémio Ricardo Ornelas para trabalhos de jornalistas que, ao serviço de uma agência noticiosa, se tenham debruçado sobre figuras desportivas ou temas de arbitragem.

Refira-se, finalmente que este lisboeta que residiu na Rua Castilho, em paralelo com a profissão de jornalista, era empregado de escritório na Companhia Nacional de Navegação.

na Freguesia de Marvila

na Freguesia de Marvila                                   (Foto: Sérgio Dias)

A Bolívia numa rua lisboeta

na Freguesia de Benfica

na Freguesia de Benfica                                                                                                         (Foto: José Carlos Batista)

A Rua República da Bolívia é um topónimo lisboeta desde 1975, incrustado num troço da antiga Estrada do Poço do Chão, compreendido entre a Rua da Quinta do Charquinho, a Rua Dr. Pereira Bernardes e o Largo da Cruz da Era, desde a publicação do Edital municipal de 14 de agosto de 1975.

Este foi o resultado de homenagens recíprocas entre os dois países e, de solicitações da Embaixada de Portugal na Bolívia à Câmara Municipal de Lisboa, já que a Municipalidade de La Paz dera o nome de «República de Portugal» a um arruamento dessa cidade, e a capital portuguesa procedeu num clima de reciprocidade.

Refira-se ainda que pelo Edital de 17 de outubro de 1924 foi atribuída no Bairro  América a Rua Bolívar, em homenagem ao  venezuelano Simon Bolívar que foi o 1º Presidente da República da Bolívia. Todavia, este arruamento em que se fixou mais um republicano nunca chegou a ser executado.

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Placa Tipo II                                                            (Foto: José Carlos Batista)

A Avenida 24 de Julho de 1833

nas Freguesias de

nas Freguesias de São Paulo, Santos-o-Velho e Prazeres – nas futuras Freguesias da Misericórdia e da Estrela

A Avenida 24 de Julho recorda  as lutas travadas entre liberais e absolutistas e, concretamente, a data de 24 de Julho de 1833 em que o Duque de Terceira e as suas tropas,  depois de atravessarem o  Tejo entram em Lisboa e, proclamam a vitória dos liberais sobre os miguelistas.  Esta expedição quebrara o cerco do Porto para desembarcar  no Algarve, atravessou o Alentejo, venceu os miguelistas em Almada e rumou à capital.

Não é assim de estranhar que esta artéria nos dias de hoje  comece justamente na Praça Duque de Terceira e, que por parecer da Comissão Municipal de Toponímia, na sua reunião de 14/12/1984, lhe tenha sido aditada a legenda «1833», para evitar equívocos sobre a origem do topónimo.

Mas a história desta Avenida tem mais para contar. Começou por ser Rua Vinte e Quatro de Julho, por via do Edital municipal de 13 de Setembro de 1878 e ia da parte do Aterro ocidental construída no prolongamento da Rua que começando na Praça de D. Luís terminava no caneiro de Alcântara. Em 1928, por Edital de 22 de Outubro, passou a ser Avenida. E no mês seguinte, o Edital de 13 de Novembro, aumentava-lhe o tamanho ao determinar que começava na esquina da Praça do Duque da Terceira (lado Norte) e na Estação do Caminho de Ferro (do lado Sul),  sendo-lhe anexado o arruamento compreendido entre aquela Praça e o edifício da Associação Nacional de Tuberculosos. Porém, passados cerca de quatro anos, o Edital de 11 de Abril de 1932 transformou-a na Avenida de Nuno Álvares, para homenagear o Condestável, o que gerou tal polémica que, em Junho voltou a denominar-se Avenida Vinte e Quatro de Julho.

Curiosamente, no concelho de Almada, onde o Duque de Terceira derrotou as tropas miguelistas comandadas por Teles Jordão, no dia anterior ao de conseguir entrar em Lisboa, existe uma Avenida 23 de Julho.

Placa Tipo II

Placa Tipo II