A Rua do Mestre Lagoa Henriques, autor do Fernando Pessoa de A Brasileira

Freguesia de Belém
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

Junto ao antigo Atelier de Mestre Lagoa Henriques, no local onde hoje funciona o CAL – Centro de Arqueologia de Lisboa, está também na toponímia fixada a memória deste escultor através da Rua Lagoa Henriques, nascida por via do Edital municipal de 24 de julho de 2015, a partir de uma proposta da Profª Maria Calado enquanto membro da Comissão Municipal de Toponímia de Lisboa.

António Augusto Lagoa Henriques (Lisboa/27.12.1923 — 21.02.2009/Lisboa), filho de Delfim Augusto Henriques e de Palmira C. de Almeida Lagoa Henriques, começou por viver  no Bairro dos Açores, na Rua da Ilha Terceira, até que a morte da avó os fez mudar-se para a casa do avô viúvo, na Baixa lisboeta, no 2º Dtº do nº 21 da Rua dos Douradores.

Foi por conselho do professor Agostinho da Silva,  nas aulas particulares que deu a Lagoa Henriques que este seguiu, em 1945,  para o Curso Especial de Escultura na Escola de Belas Artes de Lisboa. Três anos depois pediu transferência para o Porto, para ser aluno do escultor Barata Feyo. Concluiu o Curso em 1954, no decorrer do qual foi também discípulo de Carlos Ramos e de Dórdio Gomes.

Será também docente de ambas as escolas de belas artes de Lisboa e do Porto: na Escola Superior de Belas-Artes do Porto de 1960-1965, como professor de Escultura e de Desenho; na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa de 1966 a 1987, na cadeira de Desenho, tendo em 1974, quando da reestruturação dos cursos da Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, criado a disciplina de Comunicação Visual, assim como fez a Escola sair à rua para a experienciar. Na década de noventa foi professor de Desenho na Escola Superior de Conservação e Restauro e mais tarde, também Catedrático da Universidade Autónoma de Lisboa. Acrescente-se que Lagoa Henriques foi ainda Presidente do Conselho Cientifico e Pedagógico da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa a partir de 6 de junho de 1981.

Lagoa Henriques tinha atelier em Belém, nos pavilhões junto ao Tejo que tinham sido da Exposição do Mundo Português, mas ocorreu um  incêndio no  início dos anos 70 do séc. XX e a Câmara Municipal de Lisboa distribuiu então novos espaços por todos os lesados, como Raúl Xavier ou Martins Correia, calhando a Lagoa Henriques uns armazéns na Avenida da Índia para criar um novo atelier.

Da obra de Lagoa Henriques que pode ser fruída em espaços públicos destaca-se desde logo a estátua de Fernando Pessoa na esplanada do café A Brasileira do Chiado, na Rua Garrett, produzida nos anos 80. Ainda em Lisboa encontramos a estátua em bronze de Guerra Junqueiro na Praça de Londres mais o bronze O segredo (1961) no Jardim Amália Rodrigues e ainda, o Grupo das Varinas e o Memorial a Antero de Quental (1991), de pedra e aço, no Jardim do Príncipe Real.

Fora de Lisboa, destacamos a União do Lis e Lena (1973) em Leiria; a escultura de Alves Redol nu e com a sua boina, em Vila Franca de Xira (2004); o António Aleixo sentado em Loulé; Camões e Ilha dos Amores, em Constância; o monumento ao Condestável Nuno Álvares Pereira, em Abrantes;  A Conquista de Ceuta, no Jardim do Ouro de Lordelo do Ouro, no Porto; o D. Sebastião em bronze, de Esposende; as  esculturas da Imperatriz Sissi e do Papa João Paulo II, na Ilha da Madeira; ou Ano do Cão nas proximidades das ruínas de S. Paulo, em Macau.

Refira-se ainda que em 1982 foi requisitado pelo Instituto Português do Património Cultural para coordenar um projeto de divulgação do património cultural até 1984, bem como foi membro do Júri do Concurso para uma Medalha de Homenagem a Almada Negreiros. Na sua vida, dedicou-se ainda à cenografia,  bem como a ser um grande comunicador de temas de arte, quer através de conferências, quer através dos programas televisivos de que também foi autor- Risco Inadiável, Pare, Escute e Olhe, Portugal Passado e Presente e Lisboa Revisitada-, e ainda ao colaborar na dinamização cultural  de instituições como a Fundação Calouste Gulbenkian, o Museu Nacional de Arte Antiga, o Centro Nacional de Cultura e o Instituto Português do Património Cultural.

No seu palmarés somou a Medalha de Escultura na Sociedade Nacional de Belas Artes e o Prémio Soares dos Reis (1954), o Prémio Teixeira Lopes e a Medalha de Honra na Exposição Internacional de Bruxelas (1958), o Prémio Rotary Clube do Porto, o Prémio Diogo de Macedo (1961), o 1º Prémio de Escultura da II Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian (1963), a 1.ª Medalha da Sociedade Nacional de Belas-Artes e foi também agraciado com a Grã-Cruz de Honra e Mérito (1988) e a atribuição do seu nome no  Auditório da Faculdade de Belas Artes de Lisboa em abril de 2009, para além de estar também representado na toponímia da Nazaré, onde o Mestre até aos seus 20 anos passou férias.

Freguesia de Belém
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

A rua do pintor ibérico Sanches Coelho ou Sánchez Coello

Freguesia das Avenidas Novas
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

Sanches Coelho, o pintor retratista do século XVI, português segundo uns ou espanhol de acordo com outros, conhecido como o Ticiano Português é o topónimo de uma artéria da Freguesia das Avenidas Novas desde 1972, que hoje encontramos a unir a Avenida das Forças Armadas à Rua da Cruz Vermelha.

Uma informação da Escrivania municipal deu conta à Comissão Municipal de Toponímia que os nomes de Sanches Coelho, Frei António Brandão, Inocêncio Francisco da Silva, Dom António Caetano de Sousa, General José Paulo Fernandes e Dom João II haviam tido deliberações municipais de 23 de março de 1932, 14 de abril de 1932 e 12 de abril de 1934 mas que esses arruamentos nunca chegaram a ter execução, e daqui surgiu  que Sanches Coelho e os três seguintes fossem atribuídos pelo Edital municipal de 1 de fevereiro de 1972, tendo cabido ao pintor a Rua A à Avenida 28 de Maio a que já em 2009, pelo Edital de 16 de julho, se acrescentou a Rua D no prolongamento da Rua Sanches Coelho do Loteamento da Avenida das Forças Armadas.

O homenageado é o pintor Afonso Sanches Coelho ou Alonso Sánchez Coello, que terá nascido em Benifairó (Valência, Espanha) entre 1529 e 1532 e falecido em Madrid entre 1588 e 1590, sendo certo que foi muito apreciado tanto na corte de Lisboa como na de Madrid e pelos seus retratos conhecido em diversas cortes europeias.

Supõe-se que terá viajado para Lisboa na sua juventude e assim foi na capital portuguesa que iniciou a sua formação artística. Sabido é que se tornou protegido de D. João III, que adorava os seus quadros e por isso mesmo o enviou para a Flandres para completar a sua formação, com o já reconhecido pintor António Moro, que foi o mestre que mais o marcou e influenciou. Julga-se que também terá estudado com Rafael Urbino, em Roma.

Há quem garanta que era conhecido como o Ticiano Português, nome que lhe terá sido dado por Filipe II,  como há quem defenda que foi o mais proeminente pintor do Renascimento espanhol e grande retratista da corte de Filipe II, monarca que muitas vezes retratou e para quem trabalhou a partir de 1555 e que enviou os seus quadros a todas as cortes europeias, sendo certo que Sanches Coelho também retratou D. Sebastião em 1562.

A exemplo de Ticiano, os retratos em tela de Sanches Coelho destacam-se pelo consistente detalhe dos trajes e dos seus tecidos, pela imponência do escuro e pela penetração psicológica do modelo retratado, como se pode observar, por exemplo na obra  Infantas Isabel Clara Eugénia e Catalina Micaela (1568).

Segundo Cyrillo Volkmar-Machado escreveu no séc. XIX, o pintor teve uma filha nascida em 1564 em Espanha, de nome Isabel Sanches, que foi sua discípula em pintura.

A obra deste pintor está representada no Museu do Prado (em Madrid) e no Museu Nacional de Arte Antiga (em Lisboa).

Freguesia das Avenidas Novas
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

A Rua do pintor de Lisboa, Carlos Botelho

Freguesia do Beato
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

Carlos Botelho fez de Lisboa a protagonista central das suas telas  e no próprio ano em que faleceu a edilidade lisboeta colocou-o como topónimo de uma Rua da freguesia do Beato, que era identificada como arruamento D do Plano de Reconversão Urbana da Curraleira-Embrechados, através do Edital municipal de 16 de novembro de 1982. A artéria foi aumentada em 2008,  com a incorporação da Rua 8 à Rua Carlos Botelho, através do Edital municipal de 3 de julho.

Carlos Botelho em 1968
(Foto: Arquivo Municipal de Lisboa, Casa Fotográfica Garcia Nunes)

Carlos António Teixeira Basto Nunes Botelho (Lisboa/18.09.1894 – 18.08.1982/Lisboa) foi um artista multifacetado que trabalhou em cerâmica, banda desenhada, pintura, ilustração, caricatura. Filho único de pais músicos, Carlos Botelho aprendeu a tocar violino. Estudou no Liceu Pedro Nunes onde em 1918 fez a sua primeira exposição individual e no ano seguinte inscreveu-se na Escola de Belas Artes de Lisboa, que abandonou cerca de um ano depois, avançando como autodidata tal como Bernardo Marques ou Mário Eloy, outros nomes da sua geração.

Em 1924 empregou-se numa fábrica de cerâmica mas alguns êxitos em concursos de cartazes, levou-o em 1926 a dedicar-se exclusivamente à banda desenhada, à caricatura e à ilustração. Entre 1926 e 1929 produziu com regularidade pranchas de banda desenhada para o semanário infantil ABC-zinho. Também a partir de 1928 e durante 22 anos fez a página humorística Ecos da Semana, no semanário Sempre Fixe.

Em 1929 Botelho partiu para Paris, para frequentar as Academias Livres Grande Chaumière e Colarossi e a partir daí optou pela pintura, sendo desse ano o seu primeiro quadro de Lisboa: Uma vista do Zimbório da Basílica da Estrela. Nos anos 30, passou a integrar a equipa de decoradores do Secretariado de Propaganda Nacional, com Bernardo Marques, José Rocha, Tom e Fred Kradolfer, trabalhando na participação portuguesa em grandes mostras internacionais, como Paris, Lyon, Nova Iorque e São Francisco.  O ano de 1930 foi também aquele em que instalou o seu atelier na Costa do Castelo, na casa a que a sua mulher – Beatriz Santos Botelho com quem casara em 1922 e de quem teve dois filhos – tinha direito pela função de professora do ensino primário, e onde viveu até 1949. Em 1933 foi assistente de realização de Cottinelli Telmo no filme A Canção de Lisboa e cinco anos depois, em 1938 foi galardoado com o Prémio Sousa-Cardoso na Exposição de Arte Moderna do SNI pelo retrato de Músico Carlos Botelho (ou Meu Pai) e no seguinte  o 1º Prémio na Exposição Internacional de Arte Contemporânea de S. Francisco, o que lhe permitiu construir a casa-atelier no Buzano (Parede) onde se instalará em 1949.

Em 1940 também esteve na equipa de decoradores da Exposição do Mundo Português e recebeu o Prémio Columbano, para além de  conceber cenários e figurinos para a Companhia de bailados portugueses Verde Gaio, sendo a partir desta década que a paisagem urbana passou a ter um lugar central na sua obra, com Lisboa como tema primordial, que na década de 50 comportará experiências abstratizantes e será quase o seu único tema nas décadas seguintes.

Em 1955 voltou a residir em Lisboa, no então novo bairro do Areeiro e recebeu uma Menção de Honra por ocasião da III Bienal de S. Paulo, repetindo o prémio de 1951, a que somou em 1961, o 1º Prémio de Pintura na II Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian.

A obra de Carlos Botelho está representado em inúmeras colecções públicas e privadas, como no Museu do Chiado – Museu Nacional de Arte Contemporânea, no Centro de Arte Moderna da Gulbenkian ou no Museu de Arte Moderna de São Paulo e a Câmara Municipal de Lisboa instituiu um prémio com o seu nome para a melhor pintura sobre a cidade de Lisboa.

Carlos Botelho é ainda topónimo de uma Avenida na Brandoa, de um Largo em Linda-a-Velha, de Pracetas em Cascais, Corroios e São João da Talha, bem como de Ruas na Charneca da Caparica,  em Famões, na Parede, em Rio de Mouro e em São Domingos de Rana.

Freguesia do Beato
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

Vítor Bastos, autor do Monumento a Camões, numa rua de Campolide

Freguesia de Campolide
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

Desde 1903 que Vítor Bastos, o pintor e escultor que idealizou e concretizou o Monumento a Camões, para a Praça do mesmo nome, considerado o escultor mais importante do Romantismo português, está perpetuado na toponímia do então Bairro Novo de Campolide.

O Bairro Novo de Campolide construído nos finais do século XIX, teve as suas ruas denominadas por deliberação camarária de 23 de setembro de 1903 e edital municipal de dia 25 seguinte, fixando nelas os nomes dos escultores Vítor Bastos e Soares dos Reis, bem como dos militares Dom Carlos de Mascarenhas, General Taborda e Conde das Antas, sendo que este último também se distinguiu como político. Vítor Bastos ficou na Rua nº 3 e esta artéria aumentou pelo edital camarário de 7 de agosto de 1911, ao incorporar nela a rua no prolongamento da Rua Vítor Bastos até à Calçada dos Mestres, sendo que a Rua Vítor Bastos dos dias de hoje se estende da Rua de Campolide à Rua General Taborda.

O Occidente, 1 de julho de 1894

António Vítor Figueiredo de Bastos (Lisboa/entre 1829 e 1834 –17.06.1894/Lisboa) estudou na Academia Real das Belas Artes a partir de 1845, tendo tido aulas de Desenho Histórico, Arquitetura Civil e Gravura Histórica. Também foi discípulo de António Manuel da Fonseca em Pintura Histórica e concluiu o curso com a sua tela Amor e Psiché, em 1852. É ainda na Academia de Belas-Artes de Lisboa que se liga ao grupo de artistas da geração romântica e é assim o único escultor representado no retrato de grupo Cinco Artistas em Sintra (1855), de João Cristino da Silva, porque na época era ainda apenas pintor. Este grupo de românticos convivia no Marrare do Chiado e depois de 1847, na oficina de ourives de Cristino da Silva na Rua da Prata ou na oficina de Manuel Maria Bordalo na Praça da Alegria.

Vítor Bastos é contudo mais recordado como escultor e, sobretudo, como o autor do monumento a Luís de Camões (1867), na praça que lhe está destinada. Sob a base octogonal onde assenta a estátua do poeta do Dia de Portugal, estão representadas figuras das letras e das ciências da época do Renascimento: Fernão Lopes de Castanheda, Fernão Lopes, Francisco de Sá de Meneses, Gomes Eanes de Azurara, Jerónimo Corte Real, João de Barros, Pedro Nunes e Vasco Mouzinho de Quevedo.

Também para o Arco da Rua Augusta, em 1872, executou as estátuas de Vasco da Gama, Viriato, Marquês de Pombal, D. Nuno Álvares Pereira e as figuras alegóricas dos rios Tejo e Douro. Já em 1870 modelara a estátua de corpo inteiro em bronze de José Estêvão que foi inaugurada em 1878 no então designado Largo das Cortes, passando depois para o Palácio de São Bento, para voltar em 15 de outubro de 1984 à praça agora denominada Praça da Constituição de 1976. Refira-se ainda o baixo-relevo Colera Morbus (1861), a estátua do Conde das Antas no seu túmulo no Cemitério dos Prazeres e os bustos do Duque de Saldanha, de Joaquim António de Aguiar ou de João Anastácio da Rosa.

Vítor Bastos exerceu também a docência. Em 1854 foi aprovado para professor de Desenho na Universidade de Coimbra e seis anos depois, obteve a cátedra de Escultura na Academia lisboeta, com a obra Adónis partindo para a caça ao javali. Pertenceu ainda à comissão nomeada pela Academia de Belas-Artes de Lisboa para a reforma do ensino artístico em 1870.

Freguesia de Campolide
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

A Avenida da Vieira da Silva que era Maria Helena

Freguesia do Lumiar
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

No Dia Internacional da Mulher de 1993 foi inaugurada a Avenida Maria Helena Vieira da Silva, no Lumiar, em homenagem à pintora considerada um  expoente maior da pintura contemporânea, com as suas originais geometrias.

Vieira da Silva faleceu em 6 de março de 1992 e logo em 26 de agosto a edilidade lisboeta deliberou atribuir o seu nome a esta Avenida que nasce junto à Alameda das Linhas de Torres e onde a artista ficou fixada pela publicação do Edital municipal de 15 de setembro. Para evitar equívocos na toponímia de Lisboa recordamos que em Lisboa existem também a Rua Engenheiro Vieira da Silva, em Arroios, dedicada ao engenheiro olisipógrafo que integrou a 1ª Comissão Municipal de Toponímia de Lisboa em 1943, bem como a Rua Vieira da Silva, na freguesia da Estrela, em homenagem ao tipógrafo e jornalista que foi o 2º Presidente da Direção do Centro Promotor dos Melhoramentos das Classes Laboriosas.

Autorretrato de 1930

Maria Helena Vieira da Silva (Lisboa/13.06.1908 – 06.03.1992/Paris) nasceu filha única de Marcos Vieira da Silva e de Maria do Céu da Silva Graça  e tendo estudado de 1919 a 1927, apesar de ter tido aulas de música, preferiu a pintura, tendo assim estudado  desenho com Emília Santos Braga e pintura com Armando Lucena, professor na Escola de Belas Artes de Lisboa, bem como modelagem com Rogério de Andrade. A partir de 1926, com outros alunos de Belas Artes, também assistiu às aulas de Anatomia do Professor Henrique Vilhena na Faculdade de Medicina. Nesse mesmo ano foi viver com a mãe para o nº 3 do Alto de São Francisco.

Ainda com a a mãe, seguiu para Paris em 1928, para se aperfeiçoar com mestres como o escultor Bourdelle e nessa cidade começou a expôr no ano de 1933, por ocasião da edição do livro Kô et Kô. No entretanto, em 1929, estudou na Academia Escandinava com o escultor Despiau mas optou pela pintura e foi então estudar com Dufresne, Waroquier, Friesz, assim como gravura no atelier de Stanley W. Hayter e arte aplicada com Fernand Léger. Conheceu o pintor húngaro Arpad Szénes e com ele se casou em 1930, tendo passado a habitar na  Villa des Camélias.

Maria Helena Vieira da Silva tornou-se uma das artistas abstratas mais celebradas na Europa do pós-guerra, com as suas originais composições geometrizadas. Até aí, em 1935 e 1936, o casal esteve em Portugal, expondo telas de ambos, no atelier de Lisboa. Em 1939,  Vieira da Silva, Arpad Szénes e Étienne Hajdu , sensibilizados com a guerra espanhola, expuseram com fins beneméritos na Galeria Jeanne-Bucher em Paris e ainda nesse ano voltam a viver em Portugal, partindo no seguinte para o Brasil já que o Estado português negou a nacionalidade portuguesa aos artistas apesar de Arpad se ter convertido ao catolicismo e de terem contraído casamento religioso. Finda a II Guerra regressaram a Paris e ambos se naturalizaram franceses em 1956.

Para além do desenho, ilustração e pintura, Vieira da Silva também se dedicou à  cenografia, à tapeçaria e ao vitral, sendo de igual forma o seu percurso artístico associado a importantes encomendas de  arte pública. Também a paisagem urbana de Lisboa integra a obra da pintora, como no caso da decoração da estação do Metropolitano de Lisboa da Cidade Universitária, inaugurada em 1988, assim como parte da estação do Rato, inaugurada em 1997. Para mais, a capital acolhe ainda a Fundação Arpad Szènes- Vieira da Silva, criada em 1990 e que abriu ao público em 3 de novembro de 1994, na antiga Fábrica das Sedas da Praça das Amoreiras.

Recordem-se ainda os cartazes de Maria Helena Vieira da Silva, como aqueles dois com a frase «A Poesia está na Rua», feitos a pedida da sua amiga Sophia de Mello Breyner para serem editados pela Gulbenkian para comemorar o 25 de Abril de 1974, ou um outro que Vieira concebeu para a UNESCO para comemorar o Ano da Paz em 1986.

Maria Helena Vieira da Silva foi agraciada como Sócia Honorária do Grémio Literário de Lisboa, Sócia Honorária da Academia de Belas Artes de Lisboa,  com a Grã-Cruz da Ordem de Sant’Iago de Espada (1977), o filme  Ma femme chamada Bicho (1978) – realizado por José Álvaro Morais e sobre o casal a partir da ideia do pintor Jorge Martins-, como membro  da Academia das Ciências das Artes e das Letras de Lisboa (1984), o Grande Prémio Antena I (1986), a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade (1988), a Medalha da Cidade de Lisboa (1988), a Medalha de Honra da Cidade do Porto (1989) e também as mais altas condecorações francesas, estando a sua obra representada no Museu do Chiado- Museu Nacional de Arte Contemporânea, no Museu da Fundação Calouste Gulbenkian, assim como no Centre Pompidou de Paris,  no  Guggenheim de Nova Iorque e na Tate Gallery de Londres.

A artista consta ainda da toponímia de Abrantes, Entroncamento, Grândola, Lagos, Leça da Palmeira (Matosinhos), Montemor-o-Novo, Odivelas, Rio de Mouro, Santo António dos Cavaleiros, Tapada das Mercês (Sintra), Tavira e do Vale da Amoreira (Moita).

Freguesia do Lumiar
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

A Rua do escultor Machado de Castro de D. José I da Praça do Comércio

Freguesia de São Vicente
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

O escultor da estátua equestre de D. José I na Praça do Comércio, Machado de Castro, está perpetuado numa artéria do Bairro Operário à Calçada dos Barbadinhos, a ligar a Rua Pedro Alexandrino à Rua dos Sapadores, desde a última década do séc. XIX.

A Rua Machado de Castro foi atribuída por deliberação camarária de 8 de julho de 1892 na Rua D do Bairro Operário à Calçada dos Barbadinhos. Pela mesma deliberação as restantes ruas do Bairro passaram a denominar-se Rua dos Sapadores (para a Rua A), Rua dos Operários (Rua B), enquanto o pintor Pedro Alexandrino deu nome à Rua C, o militar especialista em fundição de peças de bronze Bartolomeu da Costa ficou na Rua E e o arquiteto Afonso Domingues na Rua F.

Joaquim Machado de Castro (Coimbra/19.06.1731– 17.11.1822/Lisboa), filho de Teresa Angélica Taborda e de Manuel Machado Teixeira, um santeiro ou imaginário coimbrão, com quem aprendeu os primeiros rudimentos de escultura em madeira, veio fixar-se em Lisboa por volta de 1746, com os seus 14 ou 15 anos. Primeiro, trabalhou na oficina do santeiro Nicolau Pinto e depois passou para atelier do escultor em pedra José de Almeida, que estudara na Academia de Portugal em Roma, e daqui transitou  em 1756 para a Escola de Mafra, sendo assistente do Mestre Alexandre Giusti.

A sua obra mais famosa é a estátua equestre do rei D. José I, cuja concurso ganhou no final do ano de 1770 e que foi inaugurada em 1775, como parte central da icónica Praça da reconstrução de Lisboa após o terremoto de 1755: a Praça do Comércio. Refira-se que o escultor costumava descrever extensamente o seu trabalho e sobre esta estátua publicou  em 1810  a Descrição analytica da execução da estátua equestre, sendo o primeiro escultor português a escrever sobre escultura e até escreveu poesia.

Como escultor oficial desde 1782, recebeu diversas encomendas da corte, nomeadamente para túmulos e monumentos régios, como a estátua de D. Maria I (1783) para a Biblioteca Nacional – executada em parte por Faustino José Rodrigues-, a  estátua de D. João VI para o Rio de Janeiro. Machado de Castro também foi chamado a coordenar o programa escultórico da Basílica da Estrela onde fez o pleno de madeira, pedra, mármore e barro com o presépio de cerca de 500 figuras, bem como para  dirigir o programa escultórico do Palácio da Ajuda (1802), onde é autor das  peças ConselhoGenerosidade e Gratidão, assim como foi o autor da estátua de Neptuno que desde 1925 encontramos no centro do Largo de Dona Estefânia mas que foi concebida para o Chafariz do Loreto. Neste cargo,  exerceu ainda o magistério nas aulas reais, bem como na Academia de São José e na Casa Pia e ainda , na sua oficina, onde é sabido que usava modelos de barro por si feitos para os seus discípulos executarem em pedra ou madeira. São ainda obra sua  o presépio da Sé de Lisboa (o seu único dos seus presépios que assinou), o de São Vicente ou a estátua de S. Pedro de Alcântara para o pórtico do convento desta invocação, que foi um dos primeiros trabalhos que o tornaram conhecido.

A Estátua de D. José I na Praça do Comércio da autoria de Machado de Castro
(Foto: Arquivo Municipal de Lisboa, Legado Seixas, 1890)

Joaquim Machado de Castro  foi consagrado em 1814 com a sua admissão como sócio da Academia Real das Ciências, tendo modelado o busto do Duque de Lafões para a sede da instituição.

Faleceu na sua casa na Rua do Tesouro Velho (que a partir de 1890 será Rua António Maria Cardoso) e foi sepultado na Igreja dos Mártires.

Machado de Castro dá ainda o seu nome a um Museu Nacional que lhe foi dedicado em Coimbra, desde a publicação do decreto de 26 de maio de 1911. O seu nome está também num Largo de Aguim (Anadia), numa Praça de Rio de Mouro, numa Praceta de Almada, noutra de Coimbra e ainda noutra de Massamá, em Ruas de Agualva-Cacém, de  Almargem do Bispo, de Aguim, da Brandoa, da Charneca da Caparica, de Coimbra, de Corroios, de Famões, da Gafanha da Nazaré, de Leiria, do Montijo, de Oeiras, de Portimão, da Quinta do Conde, de Rio de Mouro, de Vila Real de Santo António e finalmente, numa travessa da Charneca da Caparica.

Freguesia de São Vicente
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

A Rua do principal retratista do século XX, Henrique Medina

Freguesia do Parque das Nações
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

Henrique Medina, o pintor que foi o principal retratista do século XX,  dá nome a uma artéria de Lisboa desde 1999, na freguesia do Parque das Nações, em resultado de um pedido do Sr. Eduardo António da Costa Soares, residente em S. Mamede de Infesta, dirigido por carta à edilidade lisboeta.

A Comissão Municipal de Toponímia escolheu colocar a Rua Henrique Medina no arruamento situado entre o lote 17 e o lote 21 do Casal dos Machados e tal proposta mereceu a aprovação por unanimidade na sessão de Câmara de 21 de julho de 1999 e o consequente Edital de 30 de julho, tendo o topónimo sido inaugurada no dia 17 de janeiro de 2001, ano em que se celebrou o centenário do nascimento deste pintor portuense.

Henrique Medina em 1958
(Foto: Casa Fotográfica Garcia Nunes, Arquivo Municipal de Lisboa)

Henrique Medina de Barros (Porto/18.08.1901 -30.11.1988/Esposende) era filho de mãe portuguesa (Maria Joana de Barros) e de pai espanhol (o pintor Pascoal Medina) e desde tenra idade, passava férias na casa de família em Goios, freguesia de Marinhas, no concelho de Esposende, à qual regressou definitivamente em 1974 e onde se dedicou a executar retratos da vida rural que o acompanhara durante os seus primeiros anos de vida, tendo o seu atelier nesta localidade sido musealizado.

Freguesia do Parque das Nações
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

Henrique Medina começou a estudar a partir dos 10 anos na Escola de Belas-Artes do Porto, com José de Brito, Acácio Lino e Marques de Oliveira. Em 1919, interrompeu o curso para prosseguir estudos em Paris, com os Mestres Cormon e Bérard, durante 7 anos. Depois viveu dez anos em Londres e aí montou um estúdio. Mudou-se para Roma e aí pintou o retrato de Mussolini. A sua primeira exposição teve lugar na Sociedade Nacional de Belas Artes e distinguiu-se nas áreas do retrato- em que figuram chefes de estado, chefes de governo, estrelas de Hollywood, artistas plásticos, músicos, poetas, escritores, médicos, advogados, banqueiros e mulheres da alta sociedade – bem como nas paisagens e trajos regionais, especialmente os da região de Esposende.

Refira-se que em Portugal executou os retratos oficiais de cinco presidentes da República Portuguesa – António José de Almeida (1932), Óscar Carmona (1933), Sidónio Pais (1937), Canto e Castro (1937) e Américo Thomaz (1957)-, além de António de Oliveira Salazar (1939).

Para além dos países já referidos, Henrique Medina também pintou retratos no seu atelier de Hollywood, no Brasil, em Buenos Aires, País de Gales, Suécia, Dinamarca e Espanha, tendo durante toda sua vida  mantido um atelier em Lisboa, na Travessa Escola Araújo.

A sua obra está representada em Portugal, sobretudo na Galeria Henrique Medina do Museu Pio XII, em Braga, em virtude do legado do pintor à Arquidiocese de Braga em 1982 , mas também se encontra, entre outros, no Museu do Chiado-Museu Nacional de Arte Contemporânea, no Museu Nacional de Soares dos Reis (Porto), no Museu Malhoa (caldas da Rainha), na Casa Museu Egas Moniz, no Museu Grão Vasco, na Casa Museu Nogueira da Silva. A nível internacional surge no Metropolitan Opera House de  Nova Iorque, na Lick Foundation de São Francisco, no Museu da Metro Goldwin Mayer (na Califórnia), no Hall of Fame (Washington), no Museu de Cádis, no Museu de Orsay (Paris), na Escola de Guerra “Imperial Staff (Londres), Skockloster (Suécia), Oreby Slott (Dinamarca) e no Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro.

Medina foi condecorado como Cavaleiro da Ordem Militar de Cristo (1930), Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada (1936), Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada (1969) e a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique ( 1984). A Escola Secundária de Esposende tem o seu nome , bem como um Largo e uma Travessa dessa mesma cidade do distrito de Braga, uma Praceta em Matosinhos e outra em Queluz, e Ruas em Ramalde (no Porto),  na Charneca da Caparica (Almada), na Arrentela (Seixal), em Fernão Ferro,  em Sesimbra e em Famões (Odivelas).

A Rua Alberto de Sousa junto do seu mestre Roque Gameiro

Freguesia das Avenidas Novas
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

Por sugestão da Direção do Ensino Superior e das Belas Artes do então Ministério da Educação Nacional, em carta datada de 29 de outubro de 1962, foram consagrados no Bairro de Santos à Rua da Beneficência os nomes dos pintores Alberto de Sousa (Rua B) , Alfredo Roque Gameiro (Rua O) e Falcão Trigoso (Rua K).

Ilustração Portuguesa, 12 de abril de 1924

Alberto de Sousa (Lisboa/06.12.1880 – 01.12.1961/Lisboa), conhecido discípulo de Roque Gameiro, notabilizou-se como desenhador, aguarelista e ilustrador.

Estudou nas Escolas Industriais do Príncipe Real, de Rodrigues Sampaio e de Machado de Castro, bem como no Grémio Artístico, na Sociedade Nacional de Belas Artes e na Escola de Belas Artes de Lisboa. Começou a a trabalhar aos 16 anos, em 1897, no atelier de desenho industrial da Companhia Nacional Editora que mestre Roque Gameiro dirigia. Aí  também se tornou discípulo do mestre na aguarela, na interpretação da paisagem, na representação de monumentos e de figuras portuguesas e ainda com Roque Gameiro, trabalhou na Litografia de Portugal para impressão de desenhos e aguarelas, conhecendo assim a técnica de gravura mais difundida na segunda metade do séc. XIX.

Já no grafismo, ilustração e design dos jornais Alberto de Sousa foi um continuador da escola de Rafael Bordalo Pinheiro, tendo colaborado nas três publicações fundamentais de humor de crítica à Monarquia e de lançamento do programa da República: António Maria, Pontos nos ii  e A Paródia.

Como aguarelista expôs pela primeira vez em 1901,  na inauguração da Sociedade Nacional de Belas Artes, onde recebeu uma medalha de Honra, assim como no Grémio Artístico e dez anos depois, participou numa mostra em Madrid. A sua primeira exposição individual, aconteceu em 1913, na galeria do vespertino A Capital, na sua sede da Rua do Norte, jornal no qual também trabalhou e na década de vinte passou a expor regularmente. Também foi agraciado com o Prémio Roque Gameiro do SNI e o Grand-Prix de Paris. Este artista que residiu na Rua de São Bento tem a sua obra representada no Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado.

Alberto Sousa também colaborou com desenhos para os periódicos Ilustração Portuguesa de Carlos Malheiros Dias (a partir de 1903), O Mundo de França Borges, Vanguarda de Magalhães Lima, Serões de Manuel José da Silva, AtlântidaNovidades, República, bem como para a francesa L’Illustration, com a reconstituição do atentado de 1908 que vitimou o rei D. Carlos e o príncipe Luís Filipe que foi também reproduzido nas páginas do The Illustrated London News. Também se dedicou à ilustração de livros como em muitos tomos da Enciclopédia da Imagem, obras de Júlio Dantas e Eça de Queirós, assim como escreveu e editou o Traje Popular em Portugal nos séculos XVIII e XIX (1924), Traje Popular em Portugal nos séculos XVI e XVII (1926), entre outros.

Acresce que a partir de 1914  também foi conservador artístico na Inspeção das Bibliotecas e Arquivos Nacionais.

Em 1951, a edilidade lisboeta promoveu no Palácio Galveias uma Exposição de Alberto de Sousa e o seu nome integra também a toponímia de Ericeira, Évora, Mem Martins, Viana do Castelo.

Freguesia das Avenidas Novas
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

A Rua do escultor Leopoldo de Almeida, autor de D. João I da Praça da Figueira

Freguesia do Lumiar
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

O escultor alfacinha Leopoldo de Almeida, autor de diversa arte pública de Lisboa, como a estátua equestre de D. João I na Praça da Figueira, está desde a publicação do Edital municipal de 24 de abril de 1986 a ser o topónimo da Rua B projetada à Alameda das Linhas de Torres, a partir de uma  sugestão de Leonor Neves de Almeida, irmã do artista.

Leopoldo Neves de Almeida (Lisboa/18.10.1898 – 28.04.1975/Lisboa), concluiu o Curso Especial de Escultura na Escola de Belas-Artes de Lisboa,  entre 1916 e 1920, tendo aí sido colega de António da Costa, Jorge BarradasPardal MonteiroCarlos Ramos e outros, bem como aluno de, entre  outros, Columbano, Luciano Freire e Simões de Almeida.

Em 1970 no seu atelier
(Foto: Arquivo Municipal de Lisboa)

Foi um escultor clássico desde a sua obra inaugural: O vencido da vida (1922). Em 1926, deslocou-se a Paris e a Roma com uma bolsa do Estado mas manteve-se fiel à sua formação de matriz oitocentista como mostra com O fauno (1927), bem como na sua primeira e única exposição individual  em 1928, no Pensionato Artístico de Santo António dos Portugueses, em Roma. Regressou a Lisboa no ano seguinte e começou a trabalhar intensamente, em concursos para monumentos e em encomendas estatais.

No espaço público de Lisboa concretizou diversas intervenções icónicas como os baixos-relevos para a fachada do Cineteatro Éden (1934), no projeto de remodelação de Cassiano Branco;  o Monumento a António José de Almeida (1937), com Pardal Monteiro;  a Virgem e os Pastorinhos, a Ressureição de Lázaro e S. João Baptista na Igreja de Nossa Senhora do Rosário de Fátima (1938), obra também de Pardal Monteiro; a estátua Soberania e o conjunto escultórico do monumental Padrão dos Descobrimentos de Cottineli Telmo (1940), no âmbito da Exposição do Mundo Português; as estátuas de António Feliciano de Castilho e de Oliveira Martins (1948) na Avenida da Liberdade assim como as de D. Afonso Henriques e D. João I (1950); o grupo escultórico A Família no Jardim conhecido como das Francesinhas; o friso decorativo da entrada da Biblioteca Nacional e o busto do Prof. Francisco Gentil no IPO (1968); a estátua equestre de D. João I (1970), na Praça da Figueira e a de Calouste Gulbenkian (1974) nos Jardins da Fundação do mesmo nome.

A sua obra espalhou-se um pouco por todo o país, como a estátua de Nuno Álvares Pereira junto do Mosteiro da Batalha (1968), muito por via nas inúmeras encomendas públicas durante o Estado Novo, sobretudo na época da «política do espírito» de António Ferro, altura em que foi mesmo o escultor que mais encomendas executou e que neste contexto produziu as estátuas do Marechal Carmona (1939-1940), de Oliveira Salazar (1939) para Santa Comba Dão ou o baixo-relevo Prisão de Gungunhana para o Monumento a Mouzinho de Albuquerque (1940) na hoje cidade de Maputo ou até depois, o medalhão em bronze de Américo Tomás (1969) para o Liceu Pedro Nunes.

Para além da arte pública, Leopoldo de Almeida está representado no Museu de Lisboa, no Museu do Chiado, no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, no Museu de José Malhoa e no Museu Leopoldo de Almeida, ambos nas Caldas da Rainha.

Leopoldo de Almeida também enveredou pela docência desde 1932, como professor de desenho na Sociedade Nacional de Belas Artes e a partir de 1934, tornou-se  também professor de Desenho e Escultura da escola que o formou, situação que durou até à sua aposentação.

Foi galardoado como Prémio Rocha Cabral (1929), a Medalha de Honra da SNBA e o Prémio Soares dos Reis do SNI (1940), a Medalha de Benemerência da Cruz Vermelha Portuguesa (1973), para além da  Ordem da Instrução Pública como Oficial (1956) e Comendador (1957), bem como da  Ordem Militar de Santiago da Espada nos graus de Comendador (1941) e de Grande-Oficial (1970).

Leopoldo de Almeida dá nome a ruas de Algueirão-Mem Martins, Cascais, Charneca da Caparica, Corroios, Quinta do Conde e Valongo.

Freguesia do Lumiar
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

 

 

A Rua do pintor oitocentista José Rodrigues

Foto: José Leitão Bárcia, Arquivo Municipal de Lisboa

Desde 1979 que o pintor oitocentista José Rodrigues, autor dos retratos de Herculano e Manuel Fernandes Tomás dos Paços do Concelho de Lisboa, é topónimo de um arruamento da urbanização da Quinta do Ourives, na Freguesia do Beato, com a legenda «Pintor/1828 – 1887».

Foi por sugestão da Comissão Municipal de Toponímia, na sua reunião de 28 de maio de 1979, que os arruamentos da urbanização da Quinta do Ourives foram crismados com nomes de figuras da cultura portuguesa, a saber, o pintor José Rodrigues, o escultor Faustino José Rodrigues, o músico Luís Barbosa e o bibliotecário António Joaquim Anselmo, sendo fixados em 19 de Junho seguinte por Edital municipal.

Exaltação da Cidade de Lisboa pintada por José Rodrigues em 1886
(Foto: Francisco Leite Pinto, anos 80 do séc. XX, Arquivo Municipal de Lisboa)

Filho de Apolinário José e Maria Leonarda, nasceu lisboeta no Largo de São Rafael, como  José Rodrigues de Carvalho (Lisboa/16.07.1828 — 19.10.1887/Lisboa), que recebeu nome igual ao do seu padrinho e nos seus 59 anos de vida residiu nesta cidade, sendo a maior parte na sua casa e atelier na Rua dos Bacalhoeiros nº 125 – 3º.

Foi José Rodrigues o autor dos retratos de corpo inteiro de Alexandre Herculano e Manuel Fernandes Tomás que se encontram nos Paços do Concelho de Lisboa e pelos quais recebeu dois contos de reis, conforme contrato celebrado em 16 de Novembro de 1882. Ainda nos Paços do Concelho, no teto do Salão Nobre, está pintada desde 1886 a sua  alegoria Exaltação da Cidade de Lisboa, cujas figuras principais são Lisboa e o Tejo.

Rua José Rodrigues – Freguesia do Beato
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

Este pintor do realismo sentimental estudou na Academia Real de Belas Artes desde 1841,  como aluno voluntário por mor dos seus doze anos, tendo como condiscípulos João Pedro Monteiro (Monteirinho), Francisco Metrass, Tomás da Anunciação, Joaquim Pedro de Sousa ou António José Patrício. Da sua vasta obra, destacam-se os quadros Aparição do Anjo S. Gabriel ao profeta Daniel (1849) que lhe valeu a medalha de ouro da Academia Real de Belas Artes ou O cego rabequista (1855) que no ano seguinte foi mostrada na Exposição Universal de Paris e em 1865, obteve a segunda medalha na Exposição Internacional do Porto.

Para  sobreviver, José Rodrigues pintou mais de 200 retratos por encomenda de meios oficiais ou de burgueses endinheirados e dos quais podemos recordar os do Duque de Saldanha e de José Daniel Colaço (1852), de D. Pedro V, da Condessa do Farrobo e do Conde de Porto-Covo da Bandeira (1860), de Alexandre Herculano para o Gabinete Português de Leitura no Rio de Janeiro que foi medalha de prata da Exposição da Associação Industrial Portuense (1861), de D. Maria II, alguns de D. Luís I (1864, 1866 e 1869) e de António Feliciano de Castilho, cujo  filho Júlio de Castilho escreveu José Rodrigues, pintor portuguez : estudos artisticos e biographicos (1909), a única monografia publicada sobre este pintor.

A sua obra está representada no Museu Nacional de Arte Contemporânea-Museu do Chiado, Palácio Nacional da Ajuda, Museu de Aveiro e Museu da Quinta das Cruzes no Funchal.

Manuel Maria Bordalo Pinheiro pensou a criação da Sociedade Promotora das Belas-Artes que nasceu em 1862 e José Rodrigues integrou o grupo de artistas e fundadores com os artistas plásticos Carlos Krus e Joaquim Pedro de Sousa, os escritores Júlio de Castilho e Zacarias de Aça, o escultor Francisco de Assis Rodrigues, o médico José Maria Alves Branco, os pintores Francisco Lourença da Fonseca, Ferreira Chaves, Joaquim Nunes Prieto, Tomasini e ainda, o 5º duque de Palmela Domingos Borges Coutinho. Três anos depois, em 1865, a Conferência Geral da Academia de Belas Artes também o nomeou Académico de Mérito.

José Rodrigues foi também docente, nomeadamente, no Colégio do Bom Sucesso e no Colégio de S. José de São Domingos de Benfica para além de dar aulas particulares.

Segundo Júlio de Castilho, o pintor casou com Joaquina Lúcia de Brito Veloso Peixoto e o fotógrafo José Leitão Artur Bárcia era seu sobrinho neto.

Freguesia do Beato
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)