A Rua de Ribeirinho, Rufino Filho do Pátio das Cantigas e realizador desse mesmo filme

Freguesia de Arroios
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

Ribeirinho, o Rufino Filho do Pátio das Cantigas e realizador desse mesmo filme, assim como conhecido protagonista de filmes como O Pai TiranoA Menina da Rádio ou O Grande Elias dá nome a uma rua extraída de um troço do Regueirão dos Anjos desde 1986.

Dada a escassez de novas artérias na cidade de Lisboa dos anos 80, a Rua Francisco Ribeiro (Ribeirinho) foi o topónimo dado ao troço superior do Regueirão dos Anjos, situado no prolongamento da Rua António Pedro, pelo Edital 24 de abril de 1986.

Animatógrafo, 19 de maio de 1941

De seu nome completo Francisco Carlos Lopes Ribeiro (Lisboa/21.09.1911 – 07.02.1984/Lisboa) foi um popular ator, encenador e cineasta que na memória dos portugueses se fixou como Ribeirinho, alcunha ganha por ser o irmão mais novo do cineasta António Lopes Ribeiro, tendo também dado o rosto e o corpo nos filmes deste:  o Barata Boateiro em A Revolução de Maio (1937), o Chico do Austin do Feitiço do Império (1939), o Chico caixeiro de O Pai Tirano (1941), o Jerónimo de A Vizinha do Lado (1945) e o Ernesto Ledesma de O Primo Basílio (1959). Foi ainda protagonista, argumentista e realizador do mais popular filme português: O Pátio das Cantigas, estreado em 16 de janeiro de 1942, no Cinema Éden, que começou a rodar nos estúdios da Tobis em 29 de setembro de 1941. Integrou ainda os elencos de filmes de outros cineastas como A Menina da Rádio (1944) e O Grande Elias (1950) de Arthur DuarteO Costa de África (1954) de João Mendes em que foi também argumentista, Aqui Há Fantasmas (1964) de Pedro Martins ou O Diabo Desceu à Vila (1978) de Teixeira da Fonseca.

Com o seu irmão fundou a companhia Os Comediantes de Lisboa (1944 – 1950) e também dirigiu o Teatro do Povo, em 1935, a convite de António Ferro, bem como o Teatro da Mocidade Portuguesa, o Teatro Universitário e o Teatro Nacional Popular (1957 – 1960), onde pela primeira vez em Portugal, em  1959, se levou à cena uma peça de Samuel Beckett: o À Espera de Godot. Em 1965, abriu o Teatro Villaret de Raul Solnado, com O Impostor Geral, a partir de O inspetor-geral de Gogol. Em 1977, integrou a Comissão Instaladora do Teatro Nacional de D. Maria II, cabendo-lhe a sua direção no período de 1978 a 1981, tendo aqui feito as suas últimas encenações como As Alegres Comadres de Windsor de Shakespeare ou A Bisbilhoteira de Eduardo Schwalbach. Colaborou ainda na televisão, nas peças Noite de Reis ou O Urso, bem como dirigindo com o seu irmão o documentário As Rodas de Lisboa (1951), comemorativo dos 50 anos da Carris de Lisboa.

Ribeirinho começara no teatro aos 6 anos, no verão de 1917,  na revista Tiros sem bala, apresentada em Lisboa no Grémio dos Despretensiosos, e aos 18 anos, em 3 de outubro de 1929, estreou-se profissionalmente na Companhia de Chaby Pinheiro, em A Maluquinha de Arroios, de André Brun. Foi ainda repórter da revista Cinegrafia (1929 e 1930), sediada na Rua Capelo, nº 5 – 3º; casado com a atriz Maria Lalande de quem teve uma filha (Maria Manuel Lalande Lopes Ribeiro) assim como depois com a atriz Lourdes Lima; e galardoado com os prémios Eduardo Brazão, Chaby Pinheiro e o grau de oficial da Ordem Militar de Santiago da Espada.

Como Francisco Ribeirinho e/ou Ribeirinho o seu nome é também topónimo nos concelhos de Almada (na Costa de Caparica: Praceta, Rua e Travessa), Amadora (na Venda Nova), Cascais ( em Alcabideche e em São Domingos de Rana), Odivelas, Seixal (em Fernão Ferro), Oeiras (em Linda-a-Velha), Sintra (em Mem Martins, Rio de Mouro e na vila de Sintra) e Vila Franca de Xira (em A-dos-Bispos e em Vila Franca de Xira).

Freguesia de Arroios
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

O Largo do fotógrafo e homem de cinema Gérard Castello-Lopes

Freguesia do Lumiar
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

Gérard Castello-Lopes foi um homem do cinema e da fotografia a preto e branco, cuja memória está fixada como topónimo da Freguesia do Lumiar desde 2017, seis anos passados sobre o seu falecimento aos 85 anos de idade.

O Largo Gérard Castello-Lopes nasceu no Impasse entre os lotes 2 e 3 da Malha 6 do Projeto de Urbanização do Alto do Lumiar, por deliberação camarária de 22 de fevereiro de 2017 e consequente Edital de 17 de março seguinte, na freguesia onde se encontram a maioria dos topónimos ligados ao cinema português.

Gérard Maria José Leveque de Castello-Lopes (França – Vichy/06.08.1925 — 12.02.2011/Paris-França) foi um português que desenvolveu uma carreira no cinema como distribuidor, crítico e assistente de realização, assim como fotógrafo.

Filho de José Castello-Lopes, dos Filmes Castello-Lopes, e da pianista Marie-Antoinette Lévéque, foi herdeiro e gerente da distribuidora Castello-Lopes. Na década de sessenta foi assistente de realização de Artur Ramos, no filme Os Pássaros de Asas Cortadas (1962) – onde também interpretou o médico Manuel -, tal como o será mais tarde na curta-metragem Nacionalidade: Português (1970), sobre a emigração portuguesa em França, realizada por Fernando Lopes, a partir de texto de Nuno de Bragança, que era também o produtor. Também fez a voz-off da curta A Aventura Calculada (1970) de Fernando Lopes. Exerceu como crítico de cinema  na revista O Tempo e o Modo, de 1964 a 1966, bem como nos jornais A Tarde e o Semanário, entre 1982 e 1984. Esteve entre os fundadores da cooperativa Centro Português de Cinema nos final dos anos 60, foi presidente do júri do Instituto Português de Cinema (1991 a 1993) e integrou o Conselho Consultivo da Culturgest.

Antes do cinema fizera-se fotógrafo pelo desejo de registar o que via quando mergulhava. Começou de forma autodidata, a partir de 1956, através de revistas e livros estrangeiros da especialidade e seguindo os ensinamentos de Henri Cartier-Bresson como mestre e paradigma. Fotografou os modos de viver da Lisboa do Estado Novo para testemunhar a realidade que o rodeava. Realizou dezenas de exposições individuais e coletivas, antes e depois do 25 de Abril de 1974, em Portugal e no estrangeiro mas foi a sua mostra retrospetiva de 1956 a 1982, na Galeria Ether- Vale Tudo Menos Tirar Olhos, no nº 25 da Rua Rodrigo da Fonseca da Lisboa de 1982, que relançou a sua obra para o reconhecimento público. A partir desta passou a fotografar sobretudo objetos e composições mais abstractas, que vão surgir na retrospectiva Oui/Non de 2004, continuando a fotografar e a expor até 2008. Contudo, Gérard Castello-Lopes era muito exigente consigo declarando que «Nunca achei que era excepcional ou muito bom fotógrafo» e que Joshua Benoliel era «o único génio da fotografia portuguesa», mesmo que as suas fotografias estejam representadas no Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado e na The Berardo Collection.

Gérard Castello-Lopes, licenciado em Economia pelo Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras foi ainda assistente de encenação de duas óperas produzidas pelo Grupo Experimental de Ópera de Câmara, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, já que ele próprio era um pianista talentoso e foi um dos fundadores do Hot Clube de Portugal, em Lisboa, em 1950, com Luiz Villas-Boas, os irmãos Ivo e Augusto Mayer, Helena Villas-Boas e os irmãos Sangareau.

Ao longo da sua vida, Gérard residiu em Lisboa, Cascais, Estrasburgo – quando integrou o Corpo Diplomático da Missão Permanente de Portugal junto do Conselho da Europa – Azóia e Paris, onde fixou residência. Casou com Danièle de quem teve uma filha (1972) e um filho (1982) e foi vítima de  Alzheimer.

O cineasta Fernando Lopes, que afirmou inspirar-se no estilo da fotografia de Gérard para realizar o seu filme Belarmino (1964), rodou em 1997 o seu retrato através do documentário  – Olhar / Ver – Gérard Fotógrafo, com direção de produção de Manuel Costa e Silva, assim como seis meses após a sua morte Jorge Calado concretizou a mostra Aparições (2011) e, em 2012, no Consulado de Portugal em Paris foi organizada uma exposição de homenagem só com fotografias dos anos 50 e de Portugal.

A Rua Helena Vaz da Silva, do Centro Nacional de Cultura e do Instituto Português de Cinema

Freguesia do Lumiar
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

Helena Vaz da Silva que se distinguiu sobretudo como dinamizadora cultural e que foi vice-presidente do organismo de apoio à criação cinematográfica, o Instituto Português de Cinema, em 1980, década de ouro do cinema português, dá o seu nome a um arruamento do Lumiar desde o ano seguinte à sua morte.

Pelo Edital de 20 de novembro de 2003 a Rua E da Malha 15, 7 e 3 do Alto do Lumiar passou a ter o topónimo Rua Helena Vaz da Silva, partindo da confluência da Avenida Álvaro Cunhal, Rua Arnaldo Ferreira, Rua General Vasco Gonçalves e Avenida Eugénio de Andrade para chegar à Avenida David Mourão-Ferreira.

Helena Maria da Costa de Sousa Macedo Gentil (Lisboa/03.07.1939 – 12.08.2002/Lisboa) estudou em colégios católicos e quando terminou o ensino secundário ficou a ensinar Moral e Francês no Colégio das Oblatas, tendo também aos 17 anos conseguido o seu primeiro emprego como correspondente de línguas na Agência de Publicidade Manuel Martins da Hora, onde outrora trabalhou Fernando Pessoa.

Em 1959, casou  com Alberto Vaz da Silva, de quem teve quatro filhos (Francisco, Salvador, Tomás e Helena) e esta decisão pessoal vai marcar a sua carreira futura. O seu círculo de amigos próximos passou a incluir Alçada Baptista, Nuno Bragança, João Bénard da Costa, Pedro Tamen, bem como José Escada, Luís Sousa Costa e Mateus Cardoso Peres. Chegaram a idealizar em 1961 um plano comunitário –  O Pacto – em que 5 casais orientados pelo Padre Manuel Antunes viveriam em comunidade numa quinta com 5 casas e uma cooperativa de ensino, o que nunca se concretizou, mas fizeram nascer em 1963 uma revista, O Tempo e Modo, uma revista católica de oposição ao regime salazarista, dirigida por Alçada Baptista, editada por Pedro Tamen, com chefia de redação de João Bénard da Costa e tendo como principais redatores Nuno Bragança e Alberto Vaz da Silva.

Em 1965, Helena Vaz da Silva assumiu a responsabilidade da edição portuguesa da revista Concilium, para difundir o espírito de Vaticano II, a partir da qual também se organizaram debates e seminários. E três anos depois, em 1968, foi para Paris fazer a sua formação de jornalista. Regressou a Portugal em 1972, para retomar o trabalho na O Tempo e o Modo, onde organizou dois números especiais, um sobre Deus e outro sobre o casamento, tendo este último sido apreendido pela Censura após a publicação. Ainda em 1972 dirigiu a empresa turística algarvia da Quinta da Balaia. Em 1973 entra para o  semanário Expresso, onde até 1976 assumiu a coordenação da «Revista», para além do trabalho de reportagens, crónicas e entrevistas. Depois foi trabalhar para a Direção de Programas Sociais e Políticos da RTP, a que regressou em 1993, para o Conselho de Opinião da RTP. Esteve na Agência ANOP (1977), onde trabalhou como grande repórter e chefe da secção de cultura e educação, para além de se ter associado à revista Raiz e Utopia, fundada em 1977 por António José Saraiva, passando em 1978 a ser a proprietária e diretora da mesma.

Em 1979, iniciou a sua carreira no Centro Nacional de Cultura, onde permaneceu até à sua morte, sendo muito recordada pelos lisboetas pela criação dos Passeios de Domingo, no decorrer da sua Presidência, que foram pioneiros na introdução em Portugal dos itinerários culturais. Em 1980 foi nomeada Vice-Presidente do  Instituto Português de Cinema.

Helena Vaz da Silva foi ainda tradutora, nomeadamente de Yourcenar e deixou obra publicada como Júlio Pomar com Helena Vaz da Silva (1979), Portugal – o último descobrimento (1987), três volumes de Qual Europa (de 1996 a 1999) e Incitações para o Milénio (2001). Colaborou para mais jornais e também fez crónicas para a Antena 1, TSF, Comercial e Rádio Renascença. Integrou ainda a Comissão Nacional para a Comemoração dos Descobrimentos Portugueses (1987), a Comissão Nacional da UNESCO (de 1989 a 1994), presidiu à Comissão Cidadão e Justiça (1990), foi membro do Conselho de Orientação para os Itinerários Culturais do Conselho da Europa  e do Conselho Estratégico de Lisboa (1992), da Comissão para o Futuro da Televisão em Portugal (1996), do Conselho Geral do Movimento Europeu e finalmente, presidiu ao Grupo de Trabalho sobre Serviço Público de Televisão, a partir de 5 de junho de 2002.

Entre 1994 e 1999 foi deputada no Parlamento Europeu, como independente eleita nas listas do PSD.

Helena Vaz da Silva foi agraciada com a Ordem de Mérito francesa (1982), com o Bordalo de Honra da Casa da Imprensa (1999) e como Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (2000), para postumamente o ser também com uma placa evocativa colocada pela edilidade alfacinha na casa onde nasceu no Largo Dr. António de Sousa Macedo, nº7 C e a edição pelo  Centro Nacional de Cultura de uma serigrafia de Graça Morais – Helena pelas sete partidas do Mundo – em sua homenagem (2006), com o Prémio Europeu Helena Vaz da Silva para a Divulgação do Património Cultural (desde 2013) promovido por Europa Nostra, Centro Nacional de Cultura e Clube Português de Imprensa de Portugal, sendo ainda topónimo em Almada (Charneca da Caparica), na Amadora (Buraca), em Sintra (Mem Martins) e em Valongo.

Freguesia do Lumiar
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

Calderon Dinis da revista «Cine», num Largo do Parque das Nações

Freguesia do Parque das Nações
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

Calderon Dinis, alfacinha nascido e criado em Lisboa, homem de múltiplos talentos, entre os quais o de ter sido editor da Revista Cine, está homenageado na toponímia da Freguesia do Parque das Nações, com a legenda «Jornalista/1902 – 1994».

O Largo Calderon Dinis nasceu no  impasse B do Casal dos Machados, junto à Rua Padre Abel Varzim, pela deliberação camarária de 21 de julho de 1999 e consequente Edital de dia 30 desse mês, quando este arruamento ainda era pertença da Freguesia de Santa Maria dos Olivais, escolhido mesmo por o homenageado ter vivido e falecido nessa freguesia.

Alberto Maria Calderón Dinis (Lisboa/22.12.1902 – 26.03.1994/Lisboa) foi sobretudo um homem dos jornais que também por aí começou a sua ligação ao cinema. No período de 1928 a 1930, ainda no tempo do cinema mudo, foi  editor da revista mensal Cine, com sede no nº 10 do Largo Trindade Coelho. Mais tarde, por volta de 1946, escreveu várias novelas de cinema sobre os filmes então em exibição e, em 1949, elaborou os diálogos do filme Sol e Touros (1949), dos Produtores Associados, com realização de José Buchs.

Calderon Dinis nasceu lisboeta em Santos embora ainda criança tenha ido morar para o Bairro Alto, onde frequentou a escola municipal. Prosseguiu para o Liceu Passos Manuel, altura em que também publicou textos e desenhos no jornal Careca, e quando concluiu o curso liceal, aos 17 anos, começou a trabalhar –  no dia 20 de julho de 1920 –  no Diário de Notícias, à época ainda sediado no Bairro Alto. Foi funcionário deste periódico durante 54 anos, tendo sido primeiro admitido na contabilidade, para escrever letra francesa com aparos de bicos cortados. Depois, o administrador, o Prof. Beirão da Veiga, colocou-o ao pé de si para o ajudar a organizar eventos diversos. Em 1926, começou a fazer banda desenhada para o suplemento Notícias Miudinho, tendo criado as personagens Zé do Coco, Tonecas, Trovão das Pistolas. Na edição de domingo do Diário de Notícias  publicava contos e crónicas de tom satírico, que também ilustrava. Entre 1953 e 1963, lançou, dirigiu e coordenou o Almanaque Diário de Notícias. Também a partir de 1953 dirigiu a Editorial Notícias, até à sua reforma em 1974, com um catálogo de autores nacionais e estrangeiros, obras de consagrados como Ferreira de Castro, Gaspar Simões, Rocha Martins e edições infantis e juvenis.

Trabalhou ainda para outros periódicos como o Diário Popular, o República, o Jornal de Notícias, o Arquivo Nacional e A Noite (em 1939) de Augusto de Castro.

Sob o pseudónimo de Mac Dennis foi também escritor de romances policias, como A herança do banqueiro, o nº 9 da coleção policial da Empresa Nacional de Publicidade. Também usou o pseudónimo Fiscal de Serviço e escreveu o livro intitulado O Quarto 233 (1975), uma escolha dos seus melhores contos antes publicados em jornais. Também escreveu 3 peças para o Teatro Nacional que desapareceram no incêndio de 1964 e redigiu monografias turísticas, também por si ilustradas, como Ribatejo (1964), Braga e seu Distrito (1965), ou Portalegre, Marvão e Castelo de Vide (1970). Também foi tradutor, como por exemplo de Sete anos de aventuras no Tibete de Heinrich Harrer.

Como desenhador e aguarelista, realizou exposições em Lisboa (1925) e no Salão dos Humoristas do Porto (1926). Em 1983, na Galeria do Diário de Notícias, expôs profissões antigas e tipos característicos de Lisboa e três anos depois, publicou na Dom Quixote Tipos e Factos da Lisboa do Meu Tempo, com a memória de acontecimentos e curiosidades da vida de Lisboa, que foi  Prémio Júlio de Castilho da CML. Em 1988, expôs no Palácio dos Coruchéus todos os desenhos e aguarelas desse livro, espólio que a edilidade lisboeta adquiriu para o Museu da Cidade.  Em 1993, a Editorial Notícias lançou uma 2ª edição da obra, com mais textos e desenhos, bem como uma nota introdutória da Drª Salete Salvado. A última exposição de Calderon Dinis em Lisboa, foi realizada postumamente, em 1995, na Casa da Imprensa, por iniciativa de um grupo de amigos.

Freguesia do Parque das Nações
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

A Rua do Arquitecto-chefe da Exposição do Mundo Português e d’ A Canção de Lisboa, Cottinelli Telmo

Freguesia dos Olivais
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

O Arquiteto-Chefe da Exposição do Mundo Português de 1940 e também realizador do filme A Canção de Lisboa tem o seu nome perpetuado desde o ano de 1971 numa Praça dos Olivais.

Os impasses A1 e A1 – 1 do Plano de Urbanização da Quinta do Morgado passaram a constituir um único arruamento com a denominação de Praça Cottinelli Telmo, pelo Edital municipal de 14 de agosto de 1971, a cerca de um mês de se completarem 23 anos do falecimento deste arquiteto-cineasta. Refira-se ainda que 5 meses antes, o Edital municipal de 15 de março de 1971 colocara em praças próximas os nomes dos também  arquitetos Carlos Ramos e Faria da Costa.

Cottinelli Telmo ficou conhecido por ser o realizador de A Canção de Lisboa, rodada em 1933 nos estúdios da Tóbis Portuguesa, na Quinta das Conchas, no Lumiar, contando com um elenco composto por Beatriz Costa, António Silva,  Manoel de Oliveira (o cineasta), Teresa Gomes ou Vasco Santana.  Este filme estreou no Teatro São Luiz, no dia 7 de novembro de 1933  e tornou-se um modelo para o humor do cinema português das décadas de 30 e 40 do século XX. Diga-se que ainda no decorrer do seu curso de arquitetura, já Cottinelli Telmo havia colaborado  com a Lusitânia-Film, em 1918, na produção dos filmes Malmequer e Mal de Espanha, ambos de Leitão de Barros, e mais tarde, em 1932, em parceria com A.P. Richard, construiu o estúdio da Tóbis Portuguesa.

Animatógrafo, 8 de maio de 1933

O homenageado nesta Praça dos Olivais, de seu nome completo José Ângelo Cottinelli Telmo (Lisboa/13.11.1897 – 18.09.1948/Cascais), formado em Arquitetura pela Escola de Belas Artes de Lisboa no ano de 1920, assinou entre outras obras, o Pavilhão de Honra da Exposição do Rio de Janeiro (com Carlos Ramos e Luís da Cunha em 1922) e o Pavilhão Português da Exposição de Sevilha (1929), a Estação Fluvial do Sul e Sueste (1929-1931), a Standard Eléctrica (1945-1948), o Liceu D. João de Castro (1939), o projeto de construção do Jazigo Roque Gameiro no Cemitério dos Prazeres (1936) e, em 1940, foi o Arquiteto-chefe da Exposição do Mundo Português, tendo delineado o plano da Praça do Império, a sua Fonte Monumental, o Monumento dos Descobrimentos e a Porta da Fundação.

Cottinelli Telmo trabalhara para os Caminhos-de-Ferro (entre 1923 e 1943) e por isso, fora da cidade de Lisboa, foi o responsável pelos edifício de passageiros de Tomar (1932-34) e do Carregado (1933), da Colónia de Férias da CP na Praia das Maçãs (1943) e do Sanatório Ferroviário das Penhas da Saúde (1945). Por solicitação do  ministro Duarte Pacheco, integrou a Comissão das Construções Prisionais e foi assim autor das Cadeias de Alijó, Castelo Branco e Alcoentre (1937-1944), para além de outras obras como o Liceu de Lamego (1931), a Cidade Universitária de Coimbra (1943-1948) e o Plano de urbanização de Fátima. Ainda nesta área  refira-se que dirigiu a revista Arquitectos, no período de 1938 a 1942, e mais tarde, presidiu  ao Sindicato dos Arquitetos (1945-1948), onde foi responsável pela organização do I Congresso da classe, no ano de 1947.

Embora menos conhecido por essas facetas, Cottinelli Telmo foi também bailarino, autor de banda desenhada  – foi o criador do Pirilau, um dos primeiros heróis infantis portugueses, publicado no ABC – , fotógrafo (em campanhas pelo país com Mário Novais) e ainda, ilustrador em jornais e revistas nacionais.

A título póstumo, Cottineli Telmo foi agraciado em 1961 com a Medalha de Ouro da Cidade de Lisboa e o seu nome integra também a toponímia dos concelhos do Amadora, Cascais (Parede), Seixal (Fernão Ferro) e Sintra (Mem Martins).

Freguesia dos Olivais
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

Leitão de Barros o realizador do 1º filme sonoro português, numa Rua de São Domingos de Benfica

Leitão de Barros, por Amarelhe, na capa do Sempre Fixe, de 22 de agosto de 1929

Leitão de Barros, o realizador de A Severa – o primeiro filme sonoro português, exibido em 1931 – e o criador das Marchas Populares de Lisboa em 1932, conhecido como o homem dos sete instrumentos, teve o seu nome perpetuado numa Rua de São Domingos de Benfica, pelo Edital municipal de 4 de novembro de 1970, três anos após o seu falecimento.

A Rua Leitão de Barros resultou de uma sugestão do próprio Presidente da edilidade de então, Engº Santos e Castro,  e ficou no 1º Impasse à Rua Padre Francisco Álvares, tendo pelo mesmo Edital  ficado no 2º Impasse a Rua Raquel Roque Gameiro, consagrando a cunhada de Leitão de Barros e igualmente ilustradora como a sua irmã Helena Roque Gameiro.

Freguesia de São Domingos de Benfica
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

José Júlio Marques Leitão de Barros (Lisboa/22.10.1896 – 29.06.1967/Lisboa), homem dos sete ofícios, foi: professor do ensino secundário, pintor, cenógrafo, dramaturgo e ainda, jornalista e cineasta (as duas áreas pelas quais ganhou mais fama), bem como por aquilo que hoje designaríamos como produtor de eventos.

Leitão de Barros foi o pioneiro da primeira geração de cineastas do sonoro, sendo seu o primeiro filme sonoro português: A Severa, adaptado do original de Júlio Dantas,estreado em 1931, . Leitão de Barros começou como cineasta em 1918, com Malmequer e Mal de Espanha, distinguindo-se depois pelas suas super produções históricas como Bocage(1936), Inês de Castro (1945) ou Camões (1946), para além de Maria do Mar (1930), Lisboa, Crónica Anedótica (1930), As Pupilas do Senhor Reitor (1935), Maria  Papoila (1937), Ala Arriba! (1942) ou Vendaval Maravilhoso (1949), no qual Amália Rodrigues integrou o elenco.  No documentário, salientam-se os seus Sidónio Pais – Proclamação do Presidente da República (1918), Nazaré (1927),  Legião Portuguesa (1937), Mocidade Portuguesa (1937), A Pesca do Atum (1939), Comemorações Henriquinas (1960), A Ponte da Arrábida Sobre o Rio Douro (1961) ou A Ponte Salazar sobre o Rio Tejo em Portugal (1966).  Leitão de Barros foi também o principal animador da concretização dos estúdios da Tobis Portuguesa, na Quinta das Conchas, no Lumiar.

Leitão de Barros frequentou a Faculdade de Ciências e a de Letras mas  acabou por concluir o curso de arquitetura na  Escola de Belas Artes de Lisboa, assim como o curso da Escola Normal Superior de Lisboa, após o que foi professor de Desenho, Geometria Descritiva e Matemática nos Liceus Camões e Passos Manuel. Casou em 17 de agosto de 1923 com a ilustradora Helena Roque Gameiro (1895 – 1986), a 2ª filha de Alfredo Roque Gameiro.

No jornalismo, começou em 1916. Fundou e dirigiu O Domingo Ilustrado (1925-1927) e O Notícias Ilustrado (1928-1935). Colaborou em jornais como O Século – onde criou O Século Ilustrado e a Feira Popular de Lisboa, em 1943 -,  A Capital,  ABC, a revista Contemporânea e a revista de cinema Movimento, tendo sido o Diário de Notícias a sua última tribuna, de 1953 a 1967, onde saía aos domingos a sua crónica semanal «Os Corvos».

Nas décadas de trinta e quarenta, Leitão de Barros investiu em eventos de animação da cidade. Começou as Marchas Populares em 1932, no Capitólio, para revitalizar o Parque Mayer, sendo que em 1934 já foram cerca de 300 mil pessoas que assistiram ao desfile da Praça do Comércio ao Parque Eduardo VII. Depois, foram os monumentais cortejos como o Cortejo das Viaturas (1934), os Cortejos das Festas da Cidade (em 1934 e 1935), o da Embaixada do século XVIII (1936),  o Cortejo e o Torneio Medieval dos Jerónimos (1938) e o Cortejo Histórico de Lisboa(1947).  Em 1939 e 1940, foi o Secretário Geral da Exposição do Mundo Português e o  responsável pela Nau Portugal.  Foi agraciado com a comenda da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada em 1935 e com o Grande-Oficialato da Ordem Militar de Cristo em 1941. Também foi o organizador das receções triunfais a Franco (1949) e à Rainha Isabel II (1957).

Como pintor, dispunha de  ateliê na Rua D. Pedro V e expôs em museus portugueses, no Museu de Arte Contemporânea de Madrid e ainda, no Brasil. Foi também cenógrafo e dramaturgo de muitas peças que subiram à cena em Lisboa, nomeadamente no Teatro Nacional, para além de ter sido diretor da Sociedade Nacional de Belas-Artes.

Fernando Matos Silva fez sobre ele Leitão de Barros, O Senhor Impaciente (1998) e o seu nome é também topónimo de Almada ( num Jardim, numa Rua e numa Praceta da Sobreda), Amadora (Alfragide), Loures (São João da Talha), Montijo, Oeiras (Queijas), Portimão, Seixal (Fernão Ferro) e Sintra (em Mem Martins e em Rio de Mouro).

Publicação municipal da Rua Padre Manuel Antunes

A publicação municipal de toponímia referente à Rua Padre Manuel Antunes, hoje distribuída no decorrer da inauguração oficial deste arruamento, na Freguesia do Lumiar, já está online.

É só carregar no link acima ou na capa abaixo e poderá ler.

Caso queira conhecer publicações anteriores poderá ir às Publicações Digitais do site da CML e escolher o separador Toponímia.

Ou no topo do nosso blogue carregar em 3 – As nossas Edições.

A Rua do cineasta neorrealista Manuel Guimarães

Freguesia do Lumiar
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

O cineasta neorrealista  Manuel Guimarães passou a ser um topónimo da Freguesia do Lumiar, na Rua D à Avenida Maria Helena Vieira da Silva, 32 anos após o seu falecimento, por via da publicação do Edital municipal de 10 de abril de 200, ficando assim junto de artérias com os nomes de António Lopes Ribeiro e Manuel Costa e Silva, também eles cineastas.

Manuel Fernandes Pinheiro Guimarães (Vale Maior – Albergaria-a-Velha/19.08.1915 – 29.01.1975/Lisboa) estudou pintura na Escola de Belas Artes do Porto a partir de 1931 e foi como desenhador de cartazes de cinema que iniciou a sua ligação à 7ª arte, sendo também pintor, cenografista,  ilustrador e caricaturista. São seus os cartazes  de Aniki Bóbó (1942) de Manoel de Oliveira, bem como de O Costa do Castelo (1943), A Menina da Rádio (1944), e O Leão da Estrela (1947), todos estes filmes de Arthur Duarte. Começou como assistente de realização de Manoel de Oliveira e no ano seguinte, em 1943, mudou-se para Lisboa e passou a sê-lo também de cineastas como António Lopes Ribeiro, Armando de Miranda, Arthur Duarte, João Moreira ou Jorge Brum do Canto.

A sua obra como cineasta é considerada neorrealista. Começou com o documentário O Desterrado (1949) que foi premiado com o Prémio Paz dos Reis do SNI. Depois, adaptou Circo de Leão Penedo para o seu filme Saltimbancos (1951), e no ano seguinte filmou Nazaré (1952), com argumento de Alves Redol, obra que foi amputada em cerca de metade pela censura devido à crítica social que continha. Manuel Guimarães passou então para a realização de filmes de cariz comercial sobre eventos desportivos- de que são exemplo As Corridas Internacionais do Porto ou O Porto é Campeão (ambos de 1956), assim como documentários sobre Barcelos, o Porto e os vinhos da região duriense- Porto, Capital do TrabalhoBarcelos ou Vinhos Bisseculares (todos em 1961). Ao longo da sua vida, realizou também documentários sobre temas de arte, de que se destacam Fernando Namora e António Duarte (ambos em 1969) ou Carta a Mestre Dórdio Gomes (1971), sendo ainda de mencionar o seu Tráfego e Estiva (1968), que foi o primeiro filme português rodado em 70 mm.

Entre 1953 e 1956 rodou Vidas sem rumo , com argumento seu e diálogos de Alves Redol, sendo também alvo da Censura, a ponto de ficar quase ilegível relativamente ao plano inicial. Em 1959 foi a vez de A Costureirinha da Sé , onde se viu obrigado a incluir publicidade explícita para custear a sua produção. Nos anos sessenta, Manuel Guimarães voltou às adaptações de romances de autores portugueses, tendo António da Cunha Telles como produtor. Do livro homónimo de Bernardo Santareno realizou O Crime da Aldeia Velha (1964); da obra homónima de Fernando Namora filmou O Trigo e o Joio (1965). De 1968 é o seu documentário de 15 minutos sobre Famalicão, intitulado A Terra e o Homem, encontrado em 2016, e de 1972 a sua longa-metragem Lotação Esgotada, com argumento e diálogos de Mário Braga, a partir de uma ideia de Artur Semedo.

O seu último filme, em 35 mm e a cores, rodado entre 1974 e 1975, é Cântico Final, adaptação do romance homónimo de  Vergílio Ferreira, cuja  montagem foi concluída pelo seu filho, Dórdio Guimarães. Manuel Guimarães conhecia o escritor e esta obra, que passada a película funcionou também como o seu testamento de morte anunciada: o cineasta espelhou-se na personagem do  professor de liceu ameaçado de morte por um cancro, tendo mesmo numa entrevista televisiva em 1974 expressado a impossibilidade de concretizar o seu desejo de fazer também um filme com Alegria Breve, outro romance de Virgílio Ferreira.

Leonor Areal dedicou-lhe o filme Nasci com a Trovoada – Autobiografia póstuma de um cineasta(2017), e o nome de Manuel Guimarães, falecido com 59 anos de idade, está também presente na toponímia dos concelhos de Almada, Amadora e Sintra.

Freguesia do Lumiar
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

Olavo d’Eça Leal, homem de cinema e teatro numa Rua de São Domingos de Benfica

Freguesia de São Domingos de Benfica
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

O multifacetado artista Olavo d’Eça Leal, por ter sido um homem de cinema, enquanto ator, assistente e realizador, cabe no nosso tema desde último mês de 2018- cineastas e cinéfilos- sendo a Rua Olavo D’ Eça Leal o topónimo de um troço da Rua D à Rua Lúcio de Azevedo, desde a publicação do Edital municipal de 10 de julho de 2001.

No cinema, Olavo d’Eça Leal foi assistente de montagem do primeiro filme sonoro português,  Severa  (1931), de Leitão de Barros, assim como assistente de realização de Revolução de Maio (1937), de António Lopes Ribeiro. Foi também ator de Sonho de Amor (1945) de Carlos Porfírio, bem como de Ladrão Precisa-se (1946) de Jorge Brum do Canto. Fez crítica de cinema nas revistas Kino e Imagem de António Lopes Ribeiro, assim como a locução do documentário Monumentos Nacionais (1942) de Lino António e ainda produziu e realizou o seu próprio documentário Vida e Morte dos Porcos (1957). O seu livro Iratan e Iracema – Os Meninos Mais Malcriados do Mundo foi adaptada ao cinema em 1987, no filme homónimo realizado pelo seu filho Paulo-Guilherme, que obteve o Troféu de Ouro 1988 do Festival de Cinema dos Países de Língua Oficial Portuguesa. Refira-se também que Olavo foi desenhador no Atelier de desenhos animados, publicidade e fotografia de moda de André Vigneau.

De seu nome completo Olavo Correia Leite d’ Eça Leal (Lisboa/31.07.1908 – 17.09.1976/Grã-Bretanha), filho da dramaturga e poetisa Flávia Guimarães Correia Leite e do poeta Thomaz d’Aquino Pereira d’Eça e Albuquerque Leal, foi educado no Colégio Militar e na École Pascal, em Paris. Para além do cinema, seguindo a moda dos Anos Vinte do Século XX, mostrou-se um artista multifacetado: como escritor de poesia e de ficção, dramaturgo, jornalista, radialista, desenhador e professor de desenho, sendo que a sua obra está representada no Museu Gulbenkian.

Da sua obra editada, destaca-se a literatura infantil de Provérbios (1928), História de Portugal para meninos preguiçosos (1933) e Iratan e Iracema – Os Meninos Mais Malcriados do Mundo (1939), que foi Prémio Maria Amália Vaz de Carvalho. Na ficção, publicou as novelas  Fim de Semana (1940),  o romance Processo Arquivado (1948) que foi galardoado com o Prémio Fialho de Almeida e o romance Conceituado Comerciante (1958) com ilustrações e capa do seu filho Paulo. Também escreveu diversas peças, das quais foram levadas à cena Noite de Natal ( no Teatro do Ginásio nos anos trinta), A Taça de Ouro ( no Teatro Nacional em 1953), O Amor, o Dinheiro e a Morte ( no Teatro da Trindade em 1960) e Noite de Paz (nos anos 60, na RTP). Olavo também colaborou, com textos e com desenhos, nas revistas AtlânticoContemporânea, Panorama, Seara Nova e Presença.

Quando esteve emigrado no Brasil, em 1933 e 1934, trabalhou a fazer cartazes publicitários, análises grafológicas e a ensinar desenho a crianças. Voltou a Portugal para concorrer a locutor na Emissora Nacional, e aí ficaram populares os seus Diálogos de Domingo, com Virgínia Vitorino, a partir dos quais  publicou Falar por Falar (1943), A Voz da Rádio (1944) e Nem Tudo Se Perde no Ar (1945). Na década de cinquenta ingressou no Rádio Clube Português, onde também teve sucesso.

Na sua vida pessoal, casou três vezes – com Luísa Ribeiro, Clara Amaral e Emília Pinto, tendo tido como filhos, entre outros, Paulo Guilherme Tomáz Dúlio Ribeiro d’ Eça Leal (1932), Olavo Oliveira Amaral d’Eça Leal e o arquiteto Tomás Olavo Pinto d’Eça Leal (1952).

O seu nome está também fixado numa artéria de Fernão Ferro, no concelho do Seixal.

Freguesia de São Domingos de Benfica
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

A Rua Jorge Brum do Canto de «Os Lobos da Serra»

Freguesia da Ajuda
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

Jorge Brum do Canto, o realizador de Os Lobos da Serra, filmado em grande parte nas instalações da Tobis Portuguesa, está desde 1995 fixado na toponímia de uma Rua  da Freguesia da Ajuda.

A inscrição de Jorge Brum do Canto como topónimo lisboeta resultou da Moção de Pesar 5/CM/94, processo que terminou com a publicação do Edital municipal de 16 de janeiro de 1995, que colocou o nome do  cineasta na Rua 19 do Bairro do Caramão da Ajuda, a unir a Rua José Pinto Bastos à Rua Francisco de Sousa Tavares.

Animatógrafo, 17 de fevereiro de 1942

Jorge Brum do Canto (Lisboa/10.02.1910 — 07.02.1994/Lisboa) desde muito novo mostrou-se um entusiasta do cinema e foi realizando um percurso por ele, tornando-se também um cineasta. Por ordem cronológica, nos anos vinte, estreou-se como ator no filme O Desconhecido de Rino Lupo, em 1925, quando contava 15 anos. Dois anos depois e até 1929,  foi crítico de cinema no jornal O Século com a página O Século Cinegráfico, enquanto frequentava o curso de Direito em Lisboa, que acabou por abandonar, mas mostrou logo em 1929 a sua primeira obra como realizador, A Dança dos Paroxismos, considerado um inovador exercício fílmico, ainda mudo, influenciado pelo vanguardismo francês.

Na década de trinta, colaborou em várias revistas de cinema – Cinéfilo, Kino e Imagem– e realizou alguns documentários como Fabricação de Mangueiras (1932), Uma Tarde em Alcácer, Sintra – Cenário de Filme Romântico, Abrantes –  Nada de Novo… em Óbidos (todos em 1933), ou Berlengas (1934), para além da sua curta-metragem A Hora H (1938) e o seu filme de maior sucesso, A Canção da Terra (1938). Foi também assistente de realização e autor da planificação de As Pupilas do Senhor Reitor (1935) de Leitão de Barros e de O Trevo de Quatro Folhas (1936) de Chianca de Garcia.

Nos anos 40, estreou 5 películas: João Ratão (1940), Lobos da Serra (1942), Fátima, Terra de Fé (1943), Um Homem às Direitas (1945), Ladrão, Precisa-se!… (1946). Nas décadas de  cinquenta e sessenta, fixou-se de 1953 a 1959 em Porto Santo e depois, realizou Chaimite (1953), Retalhos da Vida de um Médico (1962), Fado Corrido (1964) e Cruz de Ferro (1968). Em 1973 entra como ator nas peças teatrais da RTP, dirigidas por Artur Ramos, tal como em 1975, na série Angústia Para o Jantar, de Jaime Silva. Entre 1978 e 1984, ainda rodou o seu último filme: O Crime de Simão Bolandas.

Adepto da pesca desportiva e da culinária, foi ainda diretor gráfico e responsável da secção de pesca da revista Diana, bem como co-autor com sua mãe, Bertha Rosa Limpo, de O Livro de Pantagruel (1947).

Em 1982 foi realizada sobre ele a média metragem Jorge Brum do Canto, para a RTP, e em 1984, a Cinemateca editou um catálogo da sua obra. Para além de Lisboa, o seu nome faz parte também dos concelhos da Amadora, Oeiras (Carnaxide), Porto Santo, Seixal (Corroios) e Sintra (Mem Martins).

Freguesia da Ajuda
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)