A Rua da ilustradora e pintora Raquel Roque Gameiro

Freguesia de São Domingos de Benfica
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

A ilustradora Raquel Roque Gameiro foi homenageada no 2º Impasse à Rua Padre Francisco Álvares, uma artéria paralela ao 1º Impasse à Rua Padre Francisco Álvares, onde ficou o seu cunhado Leitão de Barros, na freguesia de São Domingos de Benfica, ambos pela publicação do Edital municipal de 4 de novembro de 1970, por sugestão do próprio Presidente da edilidade de então, Engº Santos e Castro.

Ilustração Portuguesa, 27 de novembro de 1911

Raquel Roque Gameiro Ottolini (Lisboa/15.08.1889 – 01.10.1970/Lisboa) foi uma pintora e ilustradora, filha primogénita e discípula do mestre aguarelista Alfredo Roque Gameiro, com Maria da Assunção de Carvalho Forte. Viveu a infância e juventude na Amadora, na Venteira, na hoje Casa Roque Gameiro, como o seu irmão Manuel e as suas irmãs Helena e Maria Emília (conhecida por Màmia) e foi a autora de um cartaz sedutor, para a firma de vinho do Porto Ramos Pinto, em que Pã espreme uvas para uma ninfa.

Estreou-se na ilustração em 1903, na literatura infantil dos Contos para Crianças de Ana de Castro Osório, bem como nas aguarelas para as exposições da Sociedade Nacional de Belas Artes a partir de 1909 e até 1937. Em ambos os casos, Raquel usava cores vivas, figuras de pescadores e camponeses, tipos e costumes de saloios dos arredores de Lisboa ou interiores rústicos e pobres mas airosos com chitas de ramagens. Em 1917, desenhou O Livro do Bébé, com versos de Delfim Guimarães, onde os pais podiam registar os momentos mais marcantes da vida do filho, desde o nascimento até a primeira comunhão. Na década de vinte, ilustrou obras de Adolfo Portela, Agostinho de Campos, António Sérgio, Augusto de Santa-Rita, Emília de Sousa Costa, Rodrigues Lapa, Sara Beirão e Tomás Borba, bem como na década seguida, entre outros, ilustrou o Livro de Leitura para a 1.ª Classe (1932) e, com Martins Barata e Emérico Nunes,  A lição de Salazar (1938).

Participou em várias mostras no país e no estrangeiro, como a Exposição de Artistas Portugueses no Rio de Janeiro e o Salão Internacional de Aguarela Hispano-Português de Madrid (1945). Teve destaque na “Exposição da Obra Feminina, antiga e moderna de caráter literário, artístico e científico”, organizada pelo jornal O Século e por Maria Lamas, em 1930. Foi distinguida com uma 1ª Medalha de Honra da SNBA (1929) e o prémio Ex-Libris da Imprensa Nacional. Está representada no Museu do Chiado-Museu Nacional de Arte Contemporânea, no Museu José Malhoa nas Caldas da Rainha e no Museu de Arte Contemporânea de Madrid.

Refira-se que além da ilustração de livros e manuais escolares, Raquel Roque Gameiro também colaborou, sobretudo na década de trinta,  com diversas publicações periódicas como o ABCzinhoComércio do Porto, Diário de Notícias, O Domingo IlustradoEvaIlustração PortuguesaJoaninhaJornal dos Pequeninos,  LusitasModas e BordadosO MosquitoMickeyPortugal Feminino, O Século, Serões, Sphinx e Tic-Tac.

Raquel Roque Gameiro foi também professora particular de Desenho, Aguarela e Pastel. Manteve grupos de alunos, primeiro no atelier da família na Rua Dom Pedro V e depois, na sua casa de Benfica. Com o pai, Raquel caricaturou várias personalidades da Amadora, do que resultou uma coleção de desenhos com forte sentido humorístico.

Na sua vida pessoal, casou com o 4º Conde de Ottolini, Jorge Gomes Ottolini e foi mãe da ilustradora Guida Ottolini e de mais duas filhas e um filho, vivendo primeiro na casa da família da Amadora e mudando-se depois para Benfica, em Lisboa.

O seu nome está também atribuído à Escola do 1.º Ciclo do Ensino Básico/Jardim de Infância Raquel Gameiro, na Freguesia da Venteira, na Amadora, bem como a uma Praceta de Odivelas.

Freguesia de São Domingos de Benfica
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)