Nova toponomemclatura do Parque das Nações : a esplanada, a estacada e o passeio

Esplanada D. Carlos I ao Parque das Nações
(Foto: Sérgio Dias)

Lisboa adquiriu nova toponomenclatura já no presente século, embora apenas exista na Freguesia do Parque das Nações, uma vez que a mesma é herança da realização da Expo 98 no local, oficializada pela edilidade lisboeta através dos Editais de 16/09/2009 e de 06/05/2015. Encontramos assim uma Esplanada, duas Estacadas e 31 Passeios.

A Esplanada D. Carlos I ao Parque das Nações resultou como memória das  investigações oceanográficas que esse rei realizou a bordo seu iate «Amélia» e sobre as quais publicou estudos.

Estacadas são duas: a Estacada das Gaivotas ao Parque das Nações, sobre o rio Tejo, no final do Caminho das Gaivotas ao Parque das Nações e a Estacada do Arboreto que nasce após o Caminho do Arboreto, devendo o seu nome à zona verde próxima, o Arboreto, destinado ao cultivo de uma coleção de árvores, arbustos, plantas herbáceas, medicinais e ornamentais, mantidas e ordenadas cientificamente,  como espaço aberto ao público para recreação, educação e pesquisa.

Também os Passeios incluem na sua toponímia os temas característicos da Expo 98 que subordinada ao tema «Os oceanos: um património para o futuro» usou topónimos ligados aos oceanos; aos Descobrimentos Portugueses como a Avenida D. João II ou a Rua da Pimenta; aos navegadores portugueses e de outras nacionalidades como o Largo Bartolomeu Dias  ao Parque das Nações ou a Rua Capitão Cook; a aventureiros marítimos da literatura e da banda desenhada mundial como  Sandokan ou Corto Maltese em Travessas; a figuras de relevo para Portugal como a Avenida Fernando Pessoa ao Parque das Nações; a obras de escritores portugueses relacionadas com o mar como a Rua Corsário das Ilhas de Vitorino Nemésio ou a Rua Jangada de Pedra  de José Saramago e ainda,  outros ligados à botânica e a aves que ali têm o seu habitat ou o incluem no seu percurso migratório.

Relativos aos oceanos, a barcos e instrumentos náuticos temos o Passeio das Fragatas, o Passeio das Âncoras, o Passeio das Gáveas ao Parque das Nações,  o Passeio dos Mastros, bem como o Passeio de Neptuno, o deus dos mares na mitologia romana.

Referentes a rios e mares mundiais deparamos com o Passeio do Tejo no Parque Tejo, o Passeio do Trancão junto ao rio do mesmo nome, o Passeio do Báltico, o Passeio do Cantábrico e o Passeio do Ródano.

Passeio dos Heróis do Mar
(Foto: Sérgio Dias)

Respeitante a aventureiros marítimos e escritores da literatura mundial temos o Passeio dos Aventureiros, o Passeio dos Argonautas, o Passeio dos Fenícios, o Passeio dos Heróis do Mar, o Passeio dos Navegadores, o Passeio de Ulisses e o Passeio Júlio Verne.

Alusivos aos oceanos e a escritores portugueses temos o Passeio da Ilha dos Amores, o Passeio das Amazonas, o Passeio das Musas, o Passeio das Tágides e o Passeio do Adamastor, todos referentes a episódios de Os Lusíadas de Luís de Camões, bem como o Passeio da Nau Catrineta,  história do romanceiro popular recolhida por Almeida Garrett.

No que a concerne a aves e botânica locais temos o Passeio das Garças e o Passeio dos Jacarandás, assim como concernente ao próprio espaço local encontramos o Passeio da Vila Expo, o Passeio do Campo da Bola, o Passeio do Parque [ Tejo] e o Passeio do Sapal.

Finalmente, existem ainda o Passeio do Levante que evoca as terras da costa leste do Mediterrâneo e o Passeio dos Cruzados, que contribuíram para a conquista de Lisboa e de muito do território português a partir do momento em que D. Afonso Henriques quis construir e expandir o reino de Portugal.

Estacada do Arboreto

A Rua do Caribe e o Passeio do Cantábrico no Parque das Nações

Rua do Caribe - Freguesia do Parque das Nações (Foto: Sérgio Dias)

Rua do Caribe – Freguesia do Parque das Nações
(Foto: Sérgio Dias)

O Caribe da América Central e o mar Cantábrico da costa norte de Espanha são topónimos da Freguesia do Parque das Nações.

A Rua do Caribe une a Alameda dos Oceanos ao Passeio do Báltico enquanto o Passeio do Cantábrico vai da Avenida do Índico à Avenida da Boa Esperança mas ambos foram oficializados pela Câmara Municipal de Lisboa através do Edital de 16/09/2009, assim como mais 100 topónimos.  No âmbito da requalificação urbana resultante da Expo 98 «Os Oceanos: um património para o futuro», o espaço veio a tornar-se  território administrativo do concelho de Lisboa já com prédios construídos pelo que causaria transtornos e custos aos residentes a mudança dos topónimos pelo que a edilidade lisboeta oficializou-os.

Esta herança toponímica que Lisboa acolheu integra referências aos oceanos, aos Descobrimentos Portugueses, aos aventureiros marítimos de diversas nacionalidades, quer na literatura quer na banda desenhada, assim como figuras de relevo para Portugal, escritores portugueses ou obras suas de alguma forma ligadas ao mar e ainda, alguns biotopónimos.

Passeio do Cantábrico - Freguesia do Parque das Nações (Foto: Sérgio Dias)

Passeio do Cantábrico – Freguesia do Parque das Nações
(Foto: Sérgio Dias)

O Caribe ou Caraíbas denomina uma vasta área geográfica e cultural na América Central, abrangendo tanto o mar do Caribe como as suas ilhas e estados insulares. Também foram denominadas Antilhas ou Índias ocidentais mas toda a região tem uma cultura própria que funde características africanas, ameríndias e europeias de várias origens.

O mar Cantábrico situa-se no Atlântico, banhando a costa norte de Espanha e sudoeste de França, banhando a Costa Verde, onde ficam localizadas cidades como Gijon e Santander e onde se registam a existência de portos desde o período romano. Apesar das suas características geográficas de ventos fortes, provocando vagas alterosas, tem sido um elemento de ligação entre os países do norte da Europa e a Península Ibérica. O seu nome tem origem nos romanos, que o designaram como Sinus Kantabrorun, que significa «oceano dos Cantábros».

Rua do Caribe e Passeio do Cantábrico - Freguesia do Parque das Nações (Planta: Sérgio Dias)

Rua do Caribe e Passeio do Cantábrico – Freguesia do Parque das Nações
(Planta: Sérgio Dias)

Património Comum do Desporto na Toponímia de Lisboa: o Futebol

(Foto: Amadeu Ferrari, Arquivo Municipal de Lisboa)

No país, como na capital, o Futebol é um desporto muito popular e também na toponímia de Lisboa é a modalidade com mais referências somando 6 Ruas, um Passeio e uma Avenida, num total de 9 registos que por ordem cronológica são os seguintes:

  • A Rua Fernando Vaz , atribuída pelo último Edital municipal de toponímia de 1989, do dia  29 de dezembro, em memória do jogador no Casa Pia Atlético, que mais se distinguiu como treinador no Sporting, no Belenenses, Vitória de Setúbal, Braga, Porto, Vitória de Guimarães, Caldas,  Académica, Atlético,  Beira-Mar e Marítimo e foi Presidente do Sindicato dos Treinadores de Futebol, formado após o 25 de Abril,  bem como jornalista de A Bola onde foi chefe de redacção;
  • O único massagista na toponímia de Lisboa, Manuel Marques, por Edital municipal de 06/09/1990, uma Rua próxima do Estádio do Sporting, clube de sempre do homenageado, que sobretudo trabalhou para a equipa de futebol do seu clube pelo que até recebeu a camisola com o nº 12 , apesar de ter sido também o massagista de algumas Seleções nacionais de Atletismo, Boxe, Ciclismo, Esgrima, Futebol,  Hóquei em Patins e Voleibol;
  • A Rua José Manuel Soares (Pepe) que fixa num arruamento de Belém próximo do Estádio do Restelo este jogador extraordinário do Clube de Futebol Os Belenenses, desde a publicação do Edital de 16/12/1992;
  • Rua António Pinho que homenageia este futebolista do Casa Pia Atlético Clube e da 1ª Seleção Nacional de futebol, atribuída pelo Edital municipal de 07/05/2001;
  • A Rua José Travassos, um dos Cinco Violinos do Sporting Clube de Portugal, dada pelo Edital de 10/04/2007 que também colocou o guarda-redes Vítor Damas nas proximidades do Estádio de Alvalade, bem como outras  figuras leoninas: Francisco Stromp e o médico Prof. Armando Santos Ferreira;
  • Passeio do Campo da Bola, oficializado pelo Edital de 16/09/2009, herdado da Expo 98, que recebe o seu nome por estar encostado a um recinto desportivo que é um campo de futebol relvado;
  • E finalmente, a Avenida Eusébio da Silva Ferreira, o único desportista perpetuado numa Avenida lisboeta, pelo Edital de 23/12/2014, junto ao Estádio da Luz, conhecido pelos epítetos de Pantera Negra, Pérola Negra ou Rei que foi um dos melhores jogadores de futebol de todos os tempos e se afirmou como um herói dos relvados portugueses e mundiais, ao serviço do Sport Lisboa e Benfica e como nº 10 da Seleção Nacional, fazendo vibrar multidões de diversas gerações.

 

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NOTA: Quase todos os topónimos relacionados com desporto em Lisboa estão já publicados neste blogue e pode consultá-los descendo até ao fundo do mesmo, e na zona azul, encontrar as «Categorias» e aí clicar em Desporto e Desportistas na Toponímia de Lisboa, para aceder a todas as publicações.

 

Campo de Bola à vista de el-rei dom João Segundo

campo da bola - placa

O Passeio do Campo da Bola, que vai do fim da Rua de Moscavide à Avenida D. João II, recebe o seu nome do facto de estar encostado a um recinto desportivo que é um campo de futebol relvado.

Com a realização da Expo 98, subordinada ao tema “Os oceanos: um património para o futuro”, foram nomeados os arruamentos do evento com topónimos ligados aos oceanos, aos Descobrimentos Portugueses, aos aventureiros marítimos da literatura e banda desenhada mundial, a figuras de relevo para Portugal, a escritores portugueses ou obras de sua autoria e, ainda alguns ligados à botânica ou a referências do local como neste caso.

Com a reconversão da zona em Parque das Nações foram em Lisboa oficializados os 102 topónimos correspondentes aos limites do concelho , pelo Edital de 16/09/2009.

Freguesia do Parque das Nações

Freguesia do Parque das Nações