Calçadinha da Figueira – Freguesia de Santa Maria Maior
(Foto: Mário Marzagão)
Lisboa comporta nos nossos dias 83 Calçadas e 6 Calçadinhas, distribuídas por quase toda a cidade, excepto em seis freguesias – Areeiro, Alvalade, Avenidas Novas, Campo de Ourique, Carnide, Parque das Nações -, todas mais planas, guardando nelas as memórias de antigas igrejas, árvores e outros vestígios rurais do local, produções artesanais, características específicas do sítio, moradores locais e ainda algumas figuras públicas da época da sua atribuição.
Do latim vulgar calciata, Calçada é uma rua pavimentada com material duro ou uma ladeira íngreme, aludindo às vias romanas, sendo uma toponomenclatura muito frequente em Portugal e na Galiza, onde é Calzada. Da Calçada deriva a Calçadinha de menor dimensão.
As 6 Calçadinhas de Lisboa concentram-se na zona mais antiga da cidade sendo pertença da freguesia de Santa Maria Maior três delas e ainda parte de outra, a saber, a Calçadinha da Figueira; a Calçadinha de Santo Estêvão derivada da igreja do séc. XIII da mesma invocação; a Calçadinha de São Lourenço junto à Igreja de São Lourenço do séc. XIII; a Calçadinha de São Miguel na proximidade à Igreja de São Miguel do séc. XII; e repartida com São Vicente, a Calçadinha do Tijolo que já existia antes do Terramoto de 1755. A que falta das seis é a Calçadinha dos Olivais, na freguesia do mesmo nome.
Calçada de Santo André – Freguesias de Santa Maria Maior e de São Vicente
(Foto: Sérgio Dias)
Já as Calçadas lisboetas são 83. De Ocidente para Oriente, comecemos pelas Freguesias de Belém e da Ajuda que partilham entre si a Calçada da Ajuda, a Calçada da Memória da salvação de D. José num atentado e a Calçada do Galvão, em homenagem a um funcionário da Secretaria de Estado dos Estrangeiros e da Guerra. A Calçada da Boa-Hora, derivada da Igreja, reparte-se pelas Freguesias de Belém , Ajuda e Alcântara, tendo a Ajuda em exclusivo a Calçada Ernesto Silva, nas proximidades da Liga Portuguesa dos Deficientes Motores com que o homenageado colaborou, bem como a Calçada do Mirante à Ajuda. Alcântara também tem só suas a Calçada de Santo Amaro e a Calçada da Tapada (das Necessidades).
Campolide tem 5 : a Calçada do Baltazar, a Calçada da Estação dos Caminhos de Ferro, a Calçada dos Mestres que construíram o Aqueduto das Águas Livres, a Calçada da Quintinha e a Calçada dos Sete Moinhos, por mor dos moinhos de vento ali existentes.
São Domingos de Benfica só tem a Calçada de Palma de Baixo e Benfica a Calçada do Tojal.
Por seu turno, Arroios tem 4 Calçadas só suas: a de Arroios, a do Conde de Pombeiro junto ao seu palácio, a Calçada Nova do Colégio e a de Santana. Reparte com Santo António mais 3 – a Calçada do Lavra derivada de Manuel Lopes do Lavre e com elevador desde 1884, a Calçada do Moinho de Vento e a Calçada de Santo António – e com Santa Maria Maior, outras tantas: a Calçada do Desterro evocativa do Convento do mesmo nome, a Calçada do Garcia e a Calçada do Jogo da Pela.
Já a Freguesia de Santo António tem a Calçada Bento da Rocha Cabral, antiga Calçada da Fábrica da Loiça e a Calçada da Patriarcal, partilhando ainda com a Misericórdia a Calçada Engenheiro Miguel Pais, engenheiro militar autor de Melhoramentos de Lisboa e Seu Porto e a Calçada da Glória, com o seu elevador desde 1885.
Pelo lado da Misericórdia esta soma só suas 6 Calçadas: a da Bica Grande, a da Bica Pequena, a do Cabra, a do Combro, a de Salvador Correia de Sá que lá morou e a do Tijolo. Reparte ainda a Calçada do Duque D. Pedro de Meneses, Alferes-mor de D. Manuel e a Calçada do Ferragial com Santa Maria Maior, tal como acontece com a Estrela, nos casos da Calçada da Estrela e da Calçada Marquês de Abrantes aberta após o Terramoto.
A freguesia da Estrela conta 5 exclusivamente suas: a Calçada de Castelo Picão da Madragoa, a Calçada do Livramento do Convento do mesmo nome, a Calçada das Necessidades, a Calçada da Pampulha e a Calçada Ribeiro Santos, em memória do estudante assassinado pela PIDE em 1972.
Calçada do Menino Deus – Freguesias de Santa Maria Maior e de São Vicente
(Foto: Rui Mendes)
Santa Maria Maior tem 9 exclusivas do seu território: a Calçada do Carmo, a Calçada do Conde de Penafiel que foi o último Correio-Mor do Reino, a Calçada do Correio Velho, a Calçada do Marquês de Tancos junto ao seu palácio, a Calçada da Mouraria, a Calçada da Rosa, a Calçada do Sacramento, a Calçada de São Francisco e a Calçada Nova de São Francisco, ambas relativas ao antigo grande mosteiro dessa invocação. E para além das partilhadas já acima referidas esta freguesia ainda reparte com São Vicente mais 5: a Calçada Agostinho de Carvalho industrial de cerâmica da zona das Olarias, a Calçada do Menino Deus pela proximidade à Igreja de 1737 com a mesma invocação, a Calçada do Forte seiscentista de Santa Apolónia, a Calçada de Santo André e a Calçada de São Vicente.
Já São Vicente guarda 7: a Calçada dos Barbadinhos, a Calçada do Cardeal da Mota, a Calçada dos Cesteiros, a Calçada do Cascão onde morou João Cascão, a Calçada da Graça, a Calçada do Monte de S. Gens e a Calçada de Santa Apolónia. E ainda partilha a Calçada da Cruz da Pedra com a Penha de França, que tem mais 3: a Calçada da Ladeira, a Calçada das Lajes e a Calçada do Poço dos Mouros.
Na Freguesia do Beato, estão mais 6: a Calçada do Carrascal, a Calçada de Dom Gastão da família Coutinho ali com palácio, a Calçada do Grilo, a Calçada do Olival, a Calçada de Santa Catarina a Chelas e a Calçada do Teixeira. O Beato partilha com Marvila mais 2: a Calçada do Duque de Lafões e a Calçada da Picheleira. Por seu turno, Marvila dispõe também de 2: a Calçada do Perdigão relativa à Quinta de Manuel Sequeira Perdigão e a Calçada dos Vinagreiros.
Falta referir que na zona norte de Lisboa ainda existem mais 4 calçadas: a do Forte da Ameixoeira em Santa Clara, mais a Calçada de Carriche (que António Gedeão imortalizou num poema) e a Calçada do Poço partilhadas por Santa Clara e Lumiar, e ainda, a Calçada do Picadeiro, exclusiva do Lumiar.
Calçada do Duque – Freguesia de Santa Maria Maior
(Foto: Sérgio Dias)