A Rua do escravo indonésio Jau, junto à Rua Luís de Camões

Freguesia de Alcântara
(Foto: Sérgio Dias | NT do DPC )

O escravo indonésio (Jau) a quem foi dado o nome António e que serviu Camões está desde 1885 consagrado num Rua da freguesia de Alcântara, junto à Rua Luís de Camões, no Bairro do Calvário.

Por deliberação camarária de 12 de novembro de 1885 à «Rua do Bairro do Calvário paralela à do Conselheiro Pedro Franco [hoje, Rua dos Lusíadas] situada entre a Rua Luís de Camões e o Alto de Santo Amaro» ficou a ser a Rua Jau. O olisipógrafo Norberto de Araújo, nas suas Peregrinações em Lisboa, explica até que «Na área contida entre esta Calçada de Santo Amaro, a Rua Luiz de Camões, e tendo a Norte um lanço ainda da Calçada da Tapada, se definiu, no comêço do século [séc. XX], o bairro novo de Santo Amaro, com o xadrês das ruas desafogadas, nas quais se encontram algumas edificações modernas já dignas de uma capital: no sentido poente-nascente cumpre citar as ruas João de Lemos, dos Lusíadas, esta a mais antiga em relação à área (1887), Filinto Elísio, Jau e João de Barros, e no sentido norte-sul as ruas Soares de Passos, Sá de Miranda, Avelar Brotero [ desde 07/09/1987 é a Rua Pedro Calmon] e Gil Vicente

Theobald Reinhold Freiherr von Oer, c. 1850, Camões e Jau

Jau António, é o único escravo presente na toponímia de Lisboa. Jau significa natural da ilha de Java mas também lhe foi dado o nome cristão de António. E ficou em Portugal conhecido como o criado de Luís Vaz de Camões, que acompanhou o poeta desde a Índia, para além de  presumivelmente o sustentar, pedindo esmola.

A Rua Jau serve de morada ao Palácio do Marquês de Vale Flor, que nela foi construído no século XX, para José Luís Constantino Dias (1855 – 1932), um fazendeiro trasmontano que fez fortuna em São Tomé e Príncipe, e que recebera de D. Carlos o título de marquês de Vale Flor (decreto de 07/11/1907). O Palácio resulta do trabalho sequencial de 3 arquitetos: Nicola Bigaglia (1904-1907), Miguel Ventura Terra que concebeu alguns detalhes (1908) e José de Paula Ferreira da Costa (1908-1945), no que resultou um edifício classificado com Monumento Nacional em 31/12/1997 e que  desde 1992 é um Hotel de luxo.

Freguesia de Alcântara
(Foto: Sérgio Dias | NT do DPC )