As Escadinhas da Rocha e a Escadaria José António Marques

A Escadaria José António Marques – Freguesia da Estrela
(Foto: Sérgio Dias| NT do DPC)

A ligar a então Rua 24 de Julho (desde 1928 é a Avenida 24 de Julho) ao Jardim das Albertas (desde 1925 é o Jardim Nove de Abril) foi construída uma escadaria entre 1887 e 1892, vulgarmente conhecida por Escadinhas da Rocha ou Escadinhas da Rocha Conde de Óbidos.

Quase um século depois, em 1985, foi atribuído ao espaço o topónimo Escadaria José António Marques pelo Edital municipal de 21/02/1985, para homenagear o fundador da Cruz Vermelha Portuguesa (Lisboa/29.01.1822 – 08.11.1884/Lisboa) no centenário do seu falecimento, junto da sede a instituição no Jardim Nove de Abril, instalada desde 1919 no palácio do primeiro Conde de Óbidos, D. Vasco de Mascarenhas, construído no segundo quartel do séc. XVII.

A edilidade lisboeta no programa das condições para fornecimento de uma grade de ferro para a parte superior da escadaria, de acordo com o desenho de Augusto César dos Santos, em 5 de setembro de 1891, denomina-a escadaria à Rocha do Conde de Óbidos enquanto os postais de 1910 a designam como Escadas da Rocha de Conde d’Óbidos e os de 1920 apenas com Rocha de Conde d’Óbidos. A coincidência de ambos os topónimos radicarem no mesmo palacete faz com que ainda hoje ambos os topónimos sejam usados para este arruamento.

As Escadinhas da Rocha, em construção, em 1891 (Foto: Arquivo Municipal de Lisboa)

 

Lisboa das Escadinhas, Escadas e Escadaria

A Escadaria José António Marques quando era vulgarmente conhecida por Escadinhas da Rocha, em 1965
(Foto: Armando Serôdio, Arquivo Municipal de Lisboa)

Lisboa, com as suas colinas, tem escadas que auxiliam as subidas e as descidas e isso também se espelha na sua toponomenclatura, através de 34 Escadinhas, umas Escadas repartidas por Arroios e São Vicente e ainda, uma Escadaria na freguesia da Estrela.

A Escadaria, construída entre 1880 e 1882, era vulgarmente conhecida por Escadinhas da Rocha, dando acesso a partir da Rua 24 de Julho (desde 1928 é a Avenida 24 de Julho) ao Jardim das Albertas (desde 1925 é o Jardim 9 de Abril), até o Edital municipal de 21/02/1985 a tornar a Escadaria José António Marques, para homenagear o fundador da Cruz Vermelha Portuguesa conforme está na legenda, um lisboeta de nascimento (Lisboa/29.01.1822 – 08.11.1884/Lisboa) que foi cirurgião do Exército e em 11 de fevereiro de 1865 fundou a Comissão Provisória para Socorros e Feridos e Doentes em Tempo de Guerra, sendo o seu primeiro Secretário Geral, influenciado pela participação em representação de Portugal, na Conferência Internacional de Genebra, em que Portugal foi um dos doze países que assinou a I Convenção de Genebra de 22 de agosto de 1864, destinada a melhorar a sorte dos militares feridos em campanha.

A unir a Rua Damasceno Monteiro à Rua das Olarias encontramos as Escadas do Monte, ainda atribuídas por do Edital do Governo Civil de Lisboa, em 11 de janeiro de 1876, que se caracteriza segundo Norberto de Araújo assim: « A empinada Calçada do Monte, defronte do Largo, é, como estás vendo, a resultante de um caminho ou vereda que nos séculos velhos dividia a Cerca do Convento da Graça da encosta poente do Monte de S. Gens».

Escadinhas do Alto do Restelo – Freguesia de Belém

Já Escadinhas são 34 e qualquer que seja a sua época de construção, do início de Lisboa até ao nosso séc. XXI, têm a característica comum de terem recebido, informalmente da população ou do município lisboeta, denominações relativas ao local onde estão implantadas.

Em  Belém,  na Urbanização da Encosta do Restelo estão as Escadinhas do Alto do Restelo, firmadas pelo Edital municipal de 30/07/1999.

Na Ajuda, encontramos as Escadinhas do Mirador do antigo Alto das Pulgas, fixadas pelo Edital municipal de   17/11/1917.

Escadinhas da Saúde – Freguesia de Santa Maria Maior
(Foto: Ana Luísa Alvim)

Em Alcântara, por via da Ermida de Santo Amaro edificada em 1549 temos as Escadinhas de Santo Amaro e as Escadinhas do Quebra Costas a avisar do perigo que as mesmas representam.

Em Campolide, no Bairro da Liberdade , estão as Escadinhas da Liberdade, fixadas pelo Edital municipal de 12/04/1995.

Em Campo de Ourique, encontramos as Escadinhas dos Terramotos relativas à Ermida do Senhor Jesus dos Terramotos, situada na Rua Arco do Carvalhão.

Na freguesia da Estrela temos as Escadinhas da Praia fluvial da Madragoa.

Na freguesia da Misericórdia deparamos com as Escadinhas de São João Nepomuceno  a denunciarem a proximidade ao Convento do mesmo santo.

Escadinhas do Carmo – Freguesia de Santa Maria Maior

Em Santa Maria Maior concentram-se 16 Escadinhas. Relativas à proximidade a Ermidas ou Igrejas surgem as Escadinhas de Santo Estêvão próximas da Igreja de Santo Estêvão, as Escadinhas de São Crispim da Ermida de São Crispim, as Escadinhas de São Cristóvão da Igreja de São Cristóvão, as Escadinhas dos Remédios da Ermida de Nossa Senhora dos Remédio (Edital municipal de 24/12/1879), as Escadinhas da Saúde próximas da Ermida da Senhora da Saúde (Edital de 17/05/1906), as Escadinhas de São Miguel, resultado das remodelações de Alfama nos anos 60 do séc. XX e próximas da Igreja da mesma invocação (Edital de 25/01/1963), e também através da recuperação do Chiado após o incêndio de 1988, da autoria do Arqº Siza Vieira, nasceram as  Escadinhas do Santo Espírito da Pedreira pegando no nome do convento dessa Irmandade que ali existiu antes de passar a Armazéns do Chiado (Edital de 12/04/1995), bem como as  Escadinhas do Carmo que permitem a circulação pelos Terraços do Carmo (Edital de 06/06/2016). Com toponímia relativa a moradores locais encontramos as Escadinhas do Marquês de Ponte de Lima (Edital de 01/11/1905) e as Escadinhas de João de Deus (Edital de 08/11/1917). E por último, existem aquelas que guardam a memória do sítio: as Escadinhas Costa do Castelo, as Escadinhas da Rua das Farinhas, as Escadinhas do Terreiro do Trigo, as Escadinhas das Portas do Mar que até ao séc. XVIII eram conhecidas como Escada de Pedra,  as Escadinhas da Oliveira da Rua da Oliveira, ao Carmo (Edital de 29/09/1920) e as Escadinhas da Achada (Edital de 02/05/1940).

Santa Maria Maior ainda partilha com  Arroios as Escadinhas da Barroca, por referência ao Palácio da Barroca já citado em 1755, bem como as Escadinhas das Olarias que vieram susbtituir o antigo Beco dos Empenhadores por Edital municipal de  04/12/1883.

A freguesia de Arroios detém em exclusivo as Escadinhas da Porta do Carro  de abastecimentos do Hospital de S. José e partilha com  São Vicente as Escadinhas Damasceno Monteiro, junto à Rua Damasceno Monteiro (Edital de  21/03/1914).

São Vicente tem 3: as Escadinhas de São Tomé da Igreja de São Tomé do Penedo, as Escadinhas do Bairro América (Edital de 28/12/1932) e as Escadinhas das Comendadeiras de Santos da Quinta das Comendadeiras de Santos (Edital de 10/04/2007). Partilha ainda com  Santa Maria Maior as Escadinhas das Escolas Gerais e as Escadinhas do Arco de Dona Rosa que ali morou numa casa com capela.

Por último, a freguesia do Beato apresenta as Escadinhas de Dom Gastão junto à Calçada de Dom Gastão.

Escadinhas do Santo Espírito da Pedreira – Freguesia de Santa Maria Maior
(Foto: Sérgio Dias)