Desde a publicação do Edital de 13/11/2008 que Sophia de Mello Breyner Andresen dá nome a um Miradouro da Freguesia de São Vicente, antes conhecido como Miradouro da Graça, e que teve honras de inauguração oficial há 5 anos atrás, no dia 2 de julho de 2009, com a colocação também no local de um busto da poeta e da reprodução do seu poema «Lisboa».
A ligação ao Bairro da Graça desta poeta (como ela gostava de ser designada) advém de ter residido na Travessa das Mónicas nos mais de sessenta anos que viveu em Lisboa.
Sophia de Mello Breyner Andresen (Porto/06.11.1919 – 02.07.2004/Lisboa) distinguiu-se na memória dos portugueses como a sua maior poeta, para além de ser a autora de diversos livros infantis que marcaram várias gerações.
Escreveu os seus primeiros poemas aos doze anos e publicou a sua primeira obra – Poesia – aos 23 anos (em 1944). Prosseguiu com uma produção literária de mais de duas vintenas de títulos de poesia, prosa e até ensaio, bem como de diversas edições de literatura infantil onde se destacam A Fada Oriana e A Menina do Mar, a que ainda soma as suas traduções de Claudel, Dante, Eurípedes ou Shakespeare.
Em 60 anos de vida literária, Sophia foi galardoada inúmeras vezes com prémios nacionais e internacionais, nomeadamente com o Grande Prémio de Poesia da Sociedade Portuguesa de Escritores (1964), o Prémio Teixeira de Pascoaes (1977), o Prémio da Crítica do Centro Português da Associação de Críticos Literários (1983), os Prémios D. Dinis da Fundação Casa de Mateus e Inasset-INAPA e o Grande Prémio de Poesia Pen Clube (todos em 1990), o Grande Prémio Calouste Gulbenkian de Literatura para Crianças (1992), a Placa de Honra do italiano Prémio Petrarca (1995), o Prémio da Fundação Luís Miguel Nava (1998), o Prémio Camões (1999), o Prémio Max Jacob-Poesia Estrangeira 2001 e, o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero Americana (2003), no que foi o primeiro português e a primeira mulher a recebê-lo.
Sophia não se coibiu de ter intervenção cívica e de ser uma resistente contra o regime de Salazar, nomeadamente como membro fundador da Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos e erguendo a sua poesia como voz de Liberdade, especialmente com O Livro Sexto, de 1962. Três anos depois, também subscreveu o Manifesto dos 101 em que um grupo de católicos se assumia em oposição ao regime de Salazar. Após o 25 de Abril redigiu um poema para assinalar esse dia, o qual se encontra inscrito numa placa do Quartel do Carmo: Esta é a madrugada que eu esperava/O dia inicial inteiro e livre/Onde emergimos da noite e do silêncio/E livres habitamos a substância do tempo. Também logo em 1975, integrou o Conselho de Imprensa e foi eleita pelo Partido Socialista à Assembleia Constituinte, pelo círculo do Porto. Moveu-a sempre o combate pela dignidade o que a conduziu em 1991 a redigir um abaixo-assinado a favor da causa timorense e, em 1998, um outro a apelar à interdição de minas antipessoais.
Lisboa comporta ainda outro topónimo que homenageia Sophia: a Rua Menina do Mar, na freguesia do Parque das Nações.