Rocha Martins que foi o primeiro grande divulgador das chamadas «Termas» da Rua da Prata (hoje conhecidas como Criptopórtico Romano de Lisboa (CRLx) da Rua da Prata), por via da sua reportagem publicada em 8 páginas da Ilustração Portuguesa de 18 de outubro de 1909, com fotografias de Joshua Benoliel, tem desde 1993 o seu nome perpetuado em Lisboa, pelo Edital municipal de 31 de agosto, no Impasse A1 do Novo Bairro da Horta Nova (ou Impasse A1 à Rua A à Estrada do Paço do Lumiar – Quinta dos Castanheiros), com a legenda «Jornalista e Historiador/1879 – 1952», a partir da primeira proposta de Appio Sottomayor enquanto membro da Comissão Municipal de Toponímia de Lisboa.
Francisco José da Rocha Martins (Lisboa- Belém/1879 – 23.05.1952/Sintra) foi um autodidacta que desde muito novo trabalhou em inúmeras publicações e viveu exclusivamente da escrita, chegando a dirigir jornais seus, como o ABC (de 1920 a 1930) e o Arquivo Nacional (de 1932 a 1943). Trabalhou para as revistas Ilustração Portuguesa, Serões, Feira da Ladra, Mundo Gráfico e a Revista Municipal da CML, o semanário Papagaio Real e o Comércio do Porto, o Diário Popular, o Diário de Notícias, o Jornal da Noite, o Liberal, o Primeiro de Janeiro, o Vanguarda e o República.
Na sua obra publicada somou inúmeros romances históricos, obras de divulgação histórica e, dezenas de biografias da sua autoria, sendo de referir os romances históricos Gomes Freire e Madre Paula (ambos de 1900) ou Maria da Fonte (1902), bem como Alexandre Herculano e a sua época (1910), A Corte de Junot em Portugal (1910), Bocage – Episódios da sua vida (1936), Dom Manuel II (1931), Dona Flor da Murta (1928), Os Grandes Vultos da Restauração de Portugal (1940), Inês de Castro (1910), Memórias Sobre Sidónio Pais (1921), A Monarquia do Norte (1922), Rei Santo – Crónica do reinado de D. Pedro V (1905), e a vasta série de estudos biográficos intitulada Vermelhos, Brancos e Azuis (1948). Sobre Lisboa escreveu uma série de artigos de divulgação e estudo que foi reunida sob o título de Lisboa de ontem e de hoje (1945).
Monárquico liberal, Rocha Martins editou em 1914 panfletos semanais escaldantes sobre acontecimentos políticos, arrasando Afonso Costa e o Partido Democrático, sob o título Fantoches, de que fez uma 2ª série, em 1923 e 1924, intitulada Fantoches – Bastidores da Política e dos Negócios. No consulado de Sidónio Pais foi deputado e o seu semanário ABC, patrocinado pela publicidade do Bristol Club, apoiou em 28 de maio de 1926 a arrancada do então general Gomes da Costa, para além de neste início da Ditadura Nacional ter sido assessor de imprensa de Linhares de Lima, por ocasião da Campanha do Trigo de 1929. Contudo, acabou por se tornar popular enquanto crítico do salazarismo, particularmente durante a campanha presidencial do General Norton de Matos, nos artigos em forma de carta que assinava e saiam estampadas a toda a largura da 1ª página no República, que até criaram um dito dos ardinas, metade apregoado e metade sussurrado «Fala o Rocha!… O Salazar está à brocha».
Francisco José da Rocha Martins pertenceu à Sociedade Voz do Operário a quem deixou a sua biblioteca e esta instituição realizou uma exposição sobre a sua obra no 50º aniversário da sua morte, com o apoio da Hemeroteca Municipal de Lisboa e do Grupo Amigos de Lisboa.
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Agradecemos o seu precioso acréscimo de informação que introduziremos desde já no texto do artigo.
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Só por curiosidade: a Praça Rocha Martins resultou da primeira proposta que fiz, ao entrar para a Comissão Municipal de Toponímia. Foi aprovada por unanimidade.
Cumprimentos.
Appio Sottomayor
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________________________________ De: “Toponímia de Lisboa” Enviado: 15 de abril de 2016 07:09 Para: appiosottomayor@hotmail.com Assunto: [Novo artigo] A Praça Rocha Martins, o primeiro divulgador das «Termas» da Rua da Prata
toponimialisboa posted: ” Rocha Martins que foi o primeiro grande divulgador das chamadas «Termas» da Rua da Prata (hoje conhecidas como Galerias Romanas da Rua da Prata), por via da sua reportagem publicada em 8 páginas da Ilustração Portuguesa de 18 de outubro de 1909, com fo”
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