Raúl Portela, do fado Lisboa Antiga, numa Rua do Alto do Chapeleiro

Freguesia de Santa Clara
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

Na Urbanização do Alto do Chapeleiro nasceu em 1991 a Rua Raúl Portela, na Rua E, com a legenda «Compositor Musical/1889 – 1942», através do Edital de 28 de agosto de 1991, por sugestão de Luiz Francisco Rebello enquanto membro da Comissão Municipal de Toponímia.

O mesmo Edital também guardou na Rua A a memória do lugar com a Rua do Alto do Chapeleiro, bem como na Rua B colocou o «Homem de Letras» Norberto Lopes; na C o poeta António Botto e na D o dramaturgo Carlos Amaro.

Raúl Portela Santos (Lisboa/1889 – 20.08.1942/Caxias) fez os seus estudos no Reformatório Central de Lisboa em  Caxias, onde acabou por aos 20 anos ser o professor e o maestro da Banda. Também ensaiou os coros da Tutoria da Infância e foi regente da Banda do Grémio Literário e do Orfeão de Vila Franca de Xira,  dos Bombeiros de Paço de Arcos, entre outras.

Na música ligeira foi o autor de canções que se tornaram clássicos como o fado-marcha Lisboa Antiga, com letra de José Galhardo e Amadeu do Vale, estreada por Hermínia Silva em 1932, na revista Pirilau, no Teatro Politeama, mas também interpretada por Amália Rodrigues (1953) e que ao ser incluída no filme Lisbon (1956) pela voz de Anita Guerreiro contribuiu para o sucesso internacional do tema, sendo que a versão instrumental de Nelson Riddle (1955) já havia sido n.º 1 nos E.U.A. e permaneceu 24 semanas no Top, a que seguiram inúmeras versões internacionais como a de Carlos Galhardo (1956), Gloria Lasso (1957), Ray Conniff (1961) ou Los Indios Tabajaras  (1965).

Foram também sucessos de Raúl Portela a Triste Feia por Zulmira Miranda, nos anos vinte do séc. XX, para a revista Tic Tac ou o fado-fox-trot Nota Falsa (1925) para a revista Rataplan, sendo um dos mais prestigiados compositores da época, em paralelo com Frederico Valério, Raúl Ferrão ou Frederico de Freitas, sendo o autor do Fado Magala, e dos fados Perna de Pau ou Bagdad.

Refira-se também  a música que produziu para filmes: algumas canções para Bocage (1936), de Leitão de Barros com argumento de Rocha Martins;  a banda sonora do filme As Três Graças (1937) – a versão espanhola do filme Bocage -por Leitão de Barros; o fado do Zé Ninguém e outras canções para o filme Maria Papoila (1937), de Leitão de Barros; a música de Aldeia da Roupa Branca (1938), com letra de Ramada Curto para o filme homónimo de Chianca de Garcia, à excepção de dois fados; e toda a banda sonora de  O Pai Tirano (1941), de António Lopes Ribeiro, com Fernando Carvalho. Também, em parceria com Raúl Ferrão, fez os sucessos Coimbra é uma lição, assim como A Canção de Lisboa ou Fado do Estudante (1932), para o filme de Cottineli Telmo.

Raúl Portela foi pai de Hermes Portela em 1917 e faz parte também da toponímia de Caxias.

Freguesia de Santa Clara
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

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