Sete dias após o falecimento de Amália deliberou a Câmara que o seu nome designasse uma via de Lisboa, o que se concretizou com o Edital de 18/04/2000 que atribuiu o topónimo Jardim Amália Rodrigues ao Jardim do Alto do Parque Eduardo VII, um espaço de 5,7 ha da autoria do arquitecto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles, que é parte integrante do Corredor Verde, que une o Parque Eduardo VII a Monsanto.
Amália da Piedade Rebordão Rodrigues (Lisboa/23.07.1920 – 06.10.1999/Lisboa) por muitos considerada a maior voz portuguesa, por interpretar de um modo único e invulgar o fado, nasceu na Rua de Martim Vaz da antiga Freguesia da Pena, quando os seus pais visitavam os seus avós maternos e, dadas as dúvidas sobre o dia exato a artista adotou o dia 1 de julho como data de aniversário durante toda a sua vida. Aos seis anos mudou-se com os avós para Alcântara, bairro onde viveria até aos 19 anos.
Estreou-se como profissional em 1939 no Retiro da Severa e, rapidamente se tornou cabeça de cartaz a cantar no Café Luso, com um cachet de valor nunca antes pago a um fadista. Antes, usara Amália Rebordão como nome artístico mas por sugestão de Filipe Pinto, diretor artístico do Solar da Alegria, mudou para Amália Rodrigues. E ao longo da sua carreira, Amália também se destacou pela singularidade de reinventar a postura da fadista, à frente e não atrás dos guitarristas, a que juntou um estilo de vestidos e xailes negros.
O seu êxito como fadista também a levou ao teatro, de 1940 a 1947, onde foi a voz de fados e canções de sucesso, tendo começado no palco do Teatro Maria Vitória. Amália Rodrigues passou também pelo cinema, a partir do filme Capas Negras (estreado no cinema Condes a 16 de maio de 1947), a que se seguiram Fado – História de Uma Cantadeira (1947), Sol e Toiros (1949), Vendaval Maravilhoso (1949), Os Amantes do Tejo (1955), April in Portugal (1955), Sangue Toureiro (1958), Fado Corrido (1964), As Ilhas Encantadas (1965), Via Macao (1965) e também em curtas-metragens de Augusto Fraga.
Entre os seus inúmeros êxitos musicais podem destacar-se Ai, Mouraria, Barco negro, Casa portuguesa, Estranha forma de vida, O fado do ciúme, Foi Deus, Gostava de ser quem era, Povo que lavas no rio ou Vou dar de beber à dor. Muitos dos fados que interpretou tiveram letra de poetas portugueses contemporâneos, como Alexandre O’Neill, Ary dos Santos, David Mourão-Ferreira, José Afonso, José Régio, Manuel Alegre, Pedro Homem de Mello, Sidónio Muralha, Vasco de Lima Couto. Ela própria escreveu as letras de alguns dos seus temas como é o caso de Gostava de ser quem era e, estes poemas foram editados pela Cotovia, em 1997, com o título Versos. A diferença dos fados de Amália também resultaram da parceria com as composições de Alain Oulman, de 1962 até 1975, muitas vezes referidas como as “óperas” de Amália, onde também cantou poesia dos trovadores galaico-portugueses, do Cancioneiro de Garcia de Resende e de Camões.
Amália foi também considerada a maior embaixatriz de Portugal no mundo, por ter levado o nome de Portugal ao resto do mundo, dada a sua permanente e constante exibição pelos cinco continentes, ao longo da sua carreira. Data de 1943 a sua primeira vez no estrangeiro, em Madrid, a que se seguiram Brasil, Paris, Londres, Berlim, Roma, Dublin, Moscovo, Nova Iorque, entre muitas outras cidades e países.
A fadista foi galardoada com a Ordem de Santiago de Espada (Cavaleiro em 1958, Oficial em 1970 e Grã-Cruz em 1990), a Grande Medalha de Prata da Cidade de Paris (1959), a Ordem do Infante D. Henrique (1980), a Medalha de Ouro da Cidade de Lisboa (1980), o Grau de Comendador da Ordem das Artes e Letras (1985), a Medalha de Ouro da Cidade do Porto (1986), a Legião de Honra francesa (1991), uma homenagem pública num espetáculo na Expo’98 e, a 8 de julho de 2001, o seu corpo foi trasladado do Cemitério dos Prazeres para a Sala da Língua Portuguesa no Panteão Nacional.
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