Eugénio dos Santos, duas vezes em ruas de Lisboa

A Rua Eugénio dos Santos cerca de 1952 (Foto: Antonio Passaporte, Arquivo Municipal de Lisboa)

A Rua Eugénio dos Santos cerca de 1952
(Foto: António Passaporte, Arquivo Municipal de Lisboa)

Eugénio dos Santos, um dos principais  arquitetos-engenheiros envolvidos nas obras de reconstrução da Baixa Pombalina de Lisboa após o terramoto  de 1755, já foi topónimo de duas artérias diferentes: na que hoje conhecemos como Rua das Portas de Santo Antão e na que hoje ostenta o seu nome nas proximidades do Parque Eduardo VII.

Em retrospetiva, sabemos que foi pelo edital do Governo Civil de Lisboa de 01/09/1859 que a Rua das Portas de Santo Antão e a Rua da Anunciada passaram a constituir um único arruamento sob a denominação de Rua de Santo Antão. Após a implantação da República, a partir de uma proposta do vereador Miguel Ventura Terra de 9 de março de 1911, a artéria tornou-se a Rua Eugénio dos Santos, por edital municipal de 07/08/1911, com a legenda «Architecto», assim homenageando o seu papel fundamental na reconstrução da Baixa lisboeta,  e assim permaneceu por quase 55 anos até que o Edital camarário de 28/05/1956 reverteu a denominação para a que ainda hoje encontramos de Rua das Portas de Santo Antão, ao mesmo tempo que colocava o nome de Eugénio dos Santos na 1ª transversal do Parque Eduardo VII que liga a Avenida António Augusto de Aguiar à Avenida Sidónio Pais e que assim continua hoje.

1º projecto para a estátua equestre da Praça do Comércio, da autoria de Eugénio dos Santos (Arquivo Municipal de Lisboa)

1º projecto para a estátua equestre da Praça do Comércio, da autoria de Eugénio dos Santos
(Arquivo Municipal de Lisboa)

Eugénio dos Santos e Carvalho (Aljubarrota/?.03.1711 – 05.08.1760/Rua da Rosa – Lisboa), oficial de  Infantaria com exercício de Engenheiro, foi admitido na Aula de Fortificações e Arquitectura Militar em 1735, e logo a partir do ano seguinte já trabalhava nas fortificações do Alentejo, nomeadamente em Estremoz e Évora. A partir de 1750 passou a inspector das obras reais e assim foi arquiteto dos Paços da Ribeira e de outro Paços, como o do Senado de Lisboa. Após o terramoto  de 1755, Eugénio dos Santos foi um dos principais obreiros da reedificação da cidade de Lisboa, em estreita colaboração com Manuel da Maia e Carlos Mardel, sendo por isso considerado um precursor do urbanismo e da arquitetura moderna. Executou duas plantas possíveis para a reconstrução da Baixa lisboeta  e a partir da escolhida, Eugénio dos Santos foi também o responsável pelo traçado dos edifícios, bem como pelo plano da Praça do Comércio e da sua estátua equestre.

Freguesia das Avenidas Novas (Planta: Sérgio Dias)

Freguesia das Avenidas Novas
(Planta: Sérgio Dias)