A Praça João Paulo ora do Rio ora Barreto

Freguesia do Areeiro (Foto: Sérgio Dias)

Freguesia do Areeiro
(Foto: Sérgio Dias)

João do Rio é um pseudónimo do escritor brasileiro Paulo Barreto que a edilidade lisboeta consagrou em 1948 numa Praça, vulgarmente conhecida por praceta da Avenida Almirante Reis.

Este topónimo surgiu na sequência de uma sugestão de 1945 do Vereador Luís Teixeira, para que fosse colocado na esquina de uma das novas artérias da cidade um medalhão consagrando João do Rio, o qual veio a ser inaugurado em 3 de maio de 1950, com a seguinte inscrição no pedestal: Nada me devem os portugueses por amar e defender portugueses, porque assim amo, venero e  quero duas vezes a minha pátria.

A Praça João do Rio nasceu em 1948, pelo Edital de 29 de julho, e  a Câmara Municipal de Lisboa atribuiu na mesma freguesia mais 11 topónimos, todos ligados a personalidades de cariz internacional ou a cidades europeias e brasileiras, a saber: os escritores Afrânio Peixoto, Cervantes e Vítor Hugo; os cientistas Pasteur, Edison  e Marconi; as Avenidas Madrid, Paris e Rio de Janeiro, a Praça de Londres,  e ainda a Avenida João XXI, que homenageia o único Papa português.

paulobarreto

João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto (Brasil – Rio de Janeiro/05.08.1881-23.06.1921/Rio de Janeiro – Brasil) foi um escritor e jornalista carioca, que entre vários pseudónimos que usou ficou mais conhecido com o de João do Rio, tendo nos seus quase 40 anos de vida publicado 20 volumes de contos e crónicas, sendo de destacar a rapidez da sua escrita e o seu talento de cronista da cidade, assumindo o art nouveau brasileiro. São obras suas As Religiões no Rio (1905), A Alma Encantadora das Ruas (1908), A profissão de Jacques Pedreira (1910) ou Dentro da Noite (1910).

Ainda sob diversos pseudónimos, Paulo Barreto colaborou entre 1900 e 1903  com vários órgãos da imprensa carioca como O Paiz, O Dia, Correio Mercantil, O Tagarela e O Coió, tendo sido em 1903 que fez nascer João do Rio na Gazeta de Notícias, onde permaneceu até 1913.  Em Portugal, Paulo Barreto colaborou na revista Serões (1901-1911) e, com Graça Aranha dirigiu no Rio de Janeiro a revista Atlântida (1915 – 1920), enquanto em Lisboa eram directores João de Barros e Nuno Simões. Esta revista mensal, tal como a Orpheu, comemora este ano o seu centenário, mas ao contrário da de Fernando Pessoa perfilhava um programa mais de conciliação do que de inovação. Refira-se ainda que em 1920, Paulo Barreto fundou o jornal A Pátria, no qual procurou defender os interesses dos poveiros, pescadores portugueses oriundos sobretudo da Póvoa de Varzim que abasteciam de pescado o Rio de Janeiro e que, nessa época, se viram a braços com uma lei de nacionalização do governo brasileiro, que obrigava à naturalização para continuarem na profissão, não sendo assim de estranhar que a Póvoa de Varzim também tenha um arruamento denominado Rua Paulo Barreto.

Freguesia do Areeiro

Freguesia do Areeiro                              (Planta: Sérgio Dias)