A Rua do autor do Hino da Maria da Fonte, Ângelo Frondoni

Freguesia de Belém
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

Com a legenda «Autor do Hino da Maria da Fonte/1812 – 1891» nasceu a Rua Ângelo Frondoni em Belém, no arruamento de ligação entre a Rua Conselheiro Martins de Carvalho e a Rua Nuno de Bragança, por via da publicação do Edital municipal de 3 de maio de 1989, a partir de uma sugestão de Eduardo António da Costa Soares dirigida à edilidade lisboeta.

O Palco – Revista Teatral, 5 de maio de 1912

O cidadão italiano Angelo Frondoni (Itália-Parma/26.02.1812 – 04.06.1891/Lisboa), radicou-se no nosso país no ano de 1838, com cerca de 26 anos, quando veio para Portugal para ser maestro do Teatro de S. Carlos, contratado pelo 1.º Conde de Farrobo, Joaquim Pedro Quintela. As suas primeiras composições em Portugal foram dois bailados – A Ilha dos Portentos e A Volta de Pedro o Grande de Moscovo – exibidos em 1839.

O seu sucesso como compositor proveio das operetas e revistas populares. No Teatro da Rua dos Condes alcançou muito êxito com a farsa O Beijo, estreada em 26 de novembro de 1844, tendo a música sido publicada pelo editor Sassetti dada a sua grande popularidade.

Mas o que tornou Ângelo Frondoni mais famoso foi em 1846 ter composto  o Hino do Minho, com letra de Paulo Midosie, que ficou conhecido popularmente como Hino da Maria da Fonte. Esta música patriótica teve larga divulgação e chegou mesmo a ser aceite nos últimos tempos da Monarquia quase como um hino nacional. No entanto, como era contra o Cabralismo e Cartismo e tinha enorme popularidade, o governo de Costa Cabral, proibiu-a. Na sequência da Revolução da Maria de Fonte, Costa Cabral havia sido demitido em 20 de maio de 1846 e exilou-se em Espanha, mas D. Maria II que sempre o apoiou voltou a nomeá-lo para governar o país em 18 de junho de 1849 ( e durou até  1 de Maio de 1851). Ângelo Frondoni teve dissabores nesses anos, a ponto de se ver obrigado a esconder-se para não ser preso e, ao contrário do que fazia com outros artistas, D. Maria II nunca o recebeu no Paço Real.

O Conde de Farrobo que sempre estimou Frondoni,  encomendou-lhe então uma opereta para o Teatro das Laranjeiras, Mademoiselle de Mérange, em francês,  que se cantou a 11 de junho de 1847. Dedicou-se também a ser professor de Canto, para além de escrever música para muitas comédias e dramas, tendo mesmo dirigido uma companhia de ópera-cómica italiana que em 1859 se organizou no Teatro D. Fernando.  Quando se construiu o Teatro da Trindade, Francisco Palha quis explorar a ópera cómica burlesca e chamou Frondoni para maestro, onde trabalhou desde O Barba Azul de 1868 até 1873. Também para o próximo Ginásio musicou o drama Evangelho em acção (1870) e na época de 1873/74 voltou para o São Carlos, como  maestro, para em 1874 apresentar a ópera burlesca O filho da senhora Angot, no Teatro do Príncipe Real.

Ângelo Frondoni também se empenhou em difundir o canto coral, para o que publicou artigos em jornais, solicitou ajuda a pessoas importantes e das sociedades de canto coral de Paris e da Bélgica e abriu até um curso gratuito, tentando concretizar a ideia sem sucesso, em Lisboa e depois, no Porto.

Interessado em literatura publicou dois  folhetins na Revolução de Setembro – Da Poética em música ( 1854 ) e Efeitos de música (1867)-,  um soneto em italiano à memória de D. Pedro V (1861) na Revista Contemporânea e a composição para canto Camões e o Jau, a partir de fragmentos de poesia de António Feliciano de Castilho, elaborada por ocasião das festas do centenário de Camões de 1880.

O nome de Frondoni está também na toponímia da Póvoa do Lanhoso – onde começou a Revolução da Maria da Fonte –  e da cidade do Porto.

Freguesia de Belém
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)