A Junta de Freguesia de São Francisco Xavier pediu à CML topónimos para os arruamentos do Bairro de Caselas, e recebeu parecer favorável da Comissão Municipal de Toponímia com as seguintes considerações: «Caselas é um aglomerado habitacional muito antigo e que já antes da construção do Bairro o “Diário de Noticias”, pela pena do seu diretor de então, Doutor Augusto de Castro, chamava a atenção para a necessidade de se prestar homenagem a figuras ilustres que ali nasceram ou viveram, a Comissão é de parecer que, entre alguns nomes de vulto nas Artes e nas Letras, fiquem perpetuados na toponímia do Bairro, os nomes das figuras mais representativas do lugar, atribuindo-se aos arruamentos ainda sem nomenclatura própria abaixo referidos, as denominações que vão indicadas»: Rua Carolina Ângelo (na Rua 1), a 1ª mulher portuguesa a votar; Rua Leonor Pimentel (na Rua 2), a republicana de Nápoles; Rua Virgínia Quaresma (Rua 4), considerada a 1ª jornalista de reportagem portuguesa; Rua Padre Reis Lima (Rua 5), pároco local; Rua Aurora de Castro (Rua 6), a 1ª notária portuguesa; Rua Olga Morais Sarmento (Rua 7), escritora; Rua do Pai Calvo (Rua 8); Rua dos Margiochis (Rua 10); Rua do Manuelzinho D’ Arcolena (Rua 11); Rua da Quinta do Paizinho (Rua 12) e Rua Sara Afonso (Rua vulgarmente conhecida por Rua da Cooperativa de Caselas), pintora.
Numa Rua de Caselas, Alice Pestana da causa da educação das mulheres
Por Edital de 20 de abril de 1988, ficou perpetuada na Rua 3 do Bairro de Caselas Alice Pestana, professora e escritora dos séculos XIX e XX, que se destacou pela defesa da causa da educação das mulheres, em Portugal e em Espanha, difundindo a ideia de que a educação das mulheres contribuía para uma sociedade mais democrática e justa.
Alice Evelina Pestana Coelho (Santarém/07.04.1860 – 24.12.1929/Madrid), foi uma escritora e pedagoga que na literatura usou os pseudónimos de Caiel, Eduardo Caiel, Cil e ainda, o anagrama Célia Elevani. Colaborou em várias revistas e jornais – Financial and Mercantil Gazette ou O Tempo – mas dedicou-se especialmente aos problemas do ensino, sobretudo como impulsionadora do processo de afirmação e emancipação da mulher, particularmente na defesa do seu direito à educação e participação ativa na vida social e política, em Portugal e em Espanha. Da sua obra destacam-se O Que Deve Ser a Instrução Secundária da Mulher e La Femme et la Paix – appel aux mères portugaises.
Em 1888, o Governo português encarregou-a de visitar outros países (França, Suíça e Inglaterra), a fim de verificar as condições do ensino secundário feminino e as suas possibilidades de aplicação ao nosso país e mais tarde, quando já residia em Espanha, em 1914, o Governo espanhol incumbiu-a de estudar os métodos de ensino feminino usados em Portugal. Integrou a Instituciòn Libre de Enseñanza, instituição espanhola de ensino que seguia as mais recentes doutrinas pedagógicas.
Alice Pestana foi ainda cofundadora da Sociedade Altruísta, instituição que evoluiu para ser a Liga Portuguesa da Paz, em 1889, e à qual presidiu, tendo nesse âmbito escrito numerosos artigos pacifistas.
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