A Rua da violoncelista Adriana de Vecchi, da Fundação Musical Amigos das Crianças

Freguesia do Lumiar (Foto: Sérgio Dias)

Freguesia do Lumiar
(Foto: Sérgio Dias)

Adriana de Vecchi, violoncelista que com o seu marido, o também violoncelista Fernando Costa, criou a Fundação Musical Amigos das Crianças, dá o seu nome a uma rua pedonal do Alto do Lumiar, onde se concentra um pólo de topónimos ligados à música desde o Dia da Música de 2004.

A Rua Adriana de Vecchi, com início na Rua Shegundo Galarza e fim na Rua Ferrer Trindade,  foi atribuída por Edital Municipal de 15/12/2003 no arruamento identificado como Rua A da Malha 7 e Rua 7.11 mais a Rua 7.12 do Alto do Lumiar. Pelo mesmo Edital e na mesma zona foram atribuídos mais 6 topónimos –  Rua Luís Piçarra, Rua Nóbrega e Sousa, Rua Belo Marques, Rua Shegundo Galarza, Rua Tomás Del Negro e Rua Arminda Correia – que junto com a Alameda da Música foram inaugurados no dia 1 de Outubro de 2004,  formando um Bairro da Música nesta zona da cidade.

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Adriana de Vecchi e Costa (Viana do Castelo/14.09.1896 – 1995), filha de mãe italiana e de pai português, foi educada em Itália a partir dos 2 anos, tendo estudado piano e violoncelo no Conservatório de Turim para além de ter concluído o curso de Pedagogia pelo método da educadora Maria Montessori.

Em Lisboa conheceu aquele que viria a ser o seu marido,  o violoncelista Fernando Costa, e com ele gerou em 29 de junho de 1953 a Fundação Musical Amigos das Crianças, com o apoio de Sofia Abecassis, que disponibilizou salas da sua residência no nº 97 da Rua Saraiva de Carvalho para o efeito, depois de ouvir no Museu João de Deus a conferência de Adriana «O Ensino da Música na infância e a sua projecção no futuro», em 15 de junho desse ano. Essa escola de música começou com aulas de violoncelo dadas por Adriana de Vecchi, aulas de piano por Abreu Mota, aulas de violino por Lamy Reis e aulas de Canto Coral por Jaime Silva. Adriana criou ainda material didático para ensino de música a crianças em idade pré-escolar. A Fundação desempenhou assim um papel pioneiro em Portugal no ensino da música desde a infância.

Rapidamente os alunos começaram a apresentar-se em concertos em Lisboa, tanto em bairros camarários como em cerimónias oficiais. Adriana de Vecchi criou ainda, com o apoio da  Câmara Municipal de Lisboa, as Tardes Culturais para a Infância, na Estufa Fria, a que assistiram em 8 de maio de 1959 o presidente da Câmara Municipal de Lisboa e o Rei Humberto de Itália. Organizou também as Jornadas de Divulgação Musical um pouco por todo o país, conseguindo assim, em 1960, a 1ª apresentação de uma orquestra na Madeira.

Também foi a partir da Escola de Música da Fundação que foi gerada a Orquestra Juvenil de Instrumentos de Arco da FMAC, dirigida por Fernando Costa, da qual saíram na década de 60 os primeiros jovens para os quadros da Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional, que mais tarde seria a Orquestra Sinfónica da RDP, enquanto outros alunos integraram a Orquestra Gulbenkian e a Orquestra Sinfónica Portuguesa. No âmbito do ensino artístico especializado a  Fundação também celebrou protocolos com várias escolas como a Josefa de Óbidos e a Manuel da Maia, em Lisboa.

A Fundação fundada por Adriana de Vecchi que hoje se designa por Academia Musical dos Amigos das Crianças, com sede no 1.º andar do n.º 19 da Rua Dom Luís I, já editou três discos – Canções Tradicionais Portuguesas, Cantar o Natal e Clássicos Madeirenses – publicou a partitura do Quarteto em Lá menor de Fernando Costa, e um livro sobre a Nova Técnica de Contrabaixo, de Álvaro Silva.

A Fundação Musical Amigos das Crianças foi condecorada com a Medalha de Mérito Cultural ( 1985) e reconhecida como Instituição de Utilidade Pública (1992), enquanto Adriana de Vecchi foi agraciada com a Medalha de Música e a Comenda da Ordem de Instrução Pública (1984), bem como com o título de Cavaleiro da Ordem de Mérito da República Italiana.

Freguesia do Lumiar (Planta: Sérgio Dias)

Freguesia do Lumiar
(Planta: Sérgio Dias)

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