O galã António Vilar no bairro dos actores da Ameixoeira

O dedicado cronista de Lisboa Appio Sottomayor, enquanto membro da Comissão Municipal de Toponímia de Lisboa propôs a inclusão do nome de António Vilar na toponímia da cidade e, tal veio a suceder pelo Edital de 14 de Julho de 2004, que o colocou nas então novas ruas do Vale da Ameixoeira, conjuntamente com os também actores Arnaldo Assis Pacheco, José Viana, Raul de Carvalho e Varela Silva, que assim se juntaram às ruas Fernanda Alves e Fernando Gusmão que haviam sido dadas uns 3 meses antes, pelo Edital de 19 de Abril de 2004.

Foi desta forma que a edilidade lisboeta constituiu no Vale da Ameixoeira um novo bairro de actores e, de outras figuras ligadas ao teatro, a que se juntou a actriz Glicínia Quartin, pelo edital de 16/09/2009.

Nascido na freguesia de Alcântara como António Justiniano dos Santos Júnior (Lisboa/31.10.1912 – 15.08.1995/Madrid), foi o mais internacional galã do cinema português. Estreou-se nos palcos em 1931 na peça Romance, no Nacional e, no mesmo ano conseguiu um pequeno papel no primeiro filme sonoro português, Severa, de Leitão de Barros. Em 1934, no filme Gado Bravo, de António Lopes Ribeiro – de quem havia sido colega no Liceu Pedro Nunes – desempenhou as mais variadas funções, desde assistente a caracterizador, mas será como Carlos Bonito no Pátio das Cantigas (1941- 42), de Ribeirinho, que passará a ter apenas papel de actor e de galã, encarnando a partir daí o Simão Botelho de Amor de Perdição (1943), o Primo Basílio (1959), D. Pedro de D. Inês de Castro (1944), D. Juan (1950), Cristóvão Colombo (1950) ou, Camões que lhe valeu o Prémio do SNI ao Melhor Actor em 1946.

António Vilar também fez inúmeros filmes noutros países, como Espanha, França, Itália, Argentina e Brasil, sendo que entre 1946 e 1978, protagonizou perto de 40 filmes castelhanos e, nessa carreira internacional contracenou com nomes como Brigitte Bardot, Orson Welles, Anna Karina, Maria Félix ou Joan Fontaine, entre outros.

Em 1978 foi a última vez que integrou o elenco de um filme (Estimado Señor Juez) e, a partir daí acalentou inteiramente às suas custas o projecto de realizar um filme sobre a epopeia de Fernão de Magalhães, tendo até lançado à água uma réplica da Nau Trinidad, que aliás após a sua morte foi oferecida à Comissão Nacional dos Descobrimentos Portugueses.