O Largo Madalena Perdigão no Bairro patrocinado pela Gulbenkian

Freguesia de São Domingos de Benfica
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

Madalena Perdigão que dirigiu o Serviço de Música da Gulbenkian de 1957 e até 1974, dá o seu nome a um Largo do Bairro das Furnas, junto ao Largo Calouste Gulbenkian, desde a publicação do Edital municipal de 21 de agosto de 1990, tendo a edilidade aceite a sugestão da Associação de Moradores do Bairro das Furnas e colocado a legenda «Dinamizadora da Cultura e das Artes/1923 – 1989».

Já antes havia sido atribuído naquele Bairro o Largo Calouste Gulbenkian, através da publicação do Edital municipal de 20 de agosto de 1985, no largo principal do Bairro das Furnas, também por proposta da Associação de Moradores. Em ambos os largos a sugestão à Câmara foi uma forma de agradecimento dos residentes, por ter sido a Fundação Calouste Gulbenkian que comparticipou a execução deste Bairro que permitiu o realojamento das famílias das casas abarracadas que ali residiam há 40 anos.

Madalena Perdigão em 1967 na inauguração da Avenida Calouste Gulbenkian
(Foto: João Marques Oliveira, Arquivo Municipal de Lisboa)

Nascida Maria Madalena Bagão da Silva Biscaia (Figueira da Foz/28.04.1923 – 05.12.1989/Lisboa), licenciou-se em Matemática (1944) em Coimbra e também concluiu o Curso Superior de Piano (1948) do Conservatório Nacional, seguindo depois estudos de aperfeiçoamento em Paris, sido solista em concertos com a Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional, dirigida pelo Maestro Pedro de Freitas Branco, para além de ter tido um programa radiofónico na Emissora Nacional, intitulado A música e os seus sortilégios.

Entrou para a recém-criada Fundação Calouste Gulbenkian com 34 anos de idade, em fevereiro de 1958 e até 1974 dirigiu o seu Serviço de Música, onde criou o seu 1º plano de atividades, os Festivais Gulbenkian de Música (1958-1970), a Orquestra (1962), o Coro (1964) e o Ballet (1965). Em 1967, foi Madalena Perdigão a representante da Gulbenkian na cerimónia de inauguração da Avenida Calouste Gulbenkian. Entre 1971 e 1974, acumulou o trabalho da Fundação com a presidência da Comissão Orientadora da Reforma do Conservatório Nacional, a convite do ministro Veiga Simão, onde realizou uma das maiores reformas da instituição, com reformulação do ensino do teatro e da música e a criação da Escola de Dança, da Escola Superior de Cinema e da Escola-Piloto de Formação de Professores de Educação pela Arte. De 1978 a 1984, convidada pelo ministro Sottomayor Cardia, dirigiu o Gabinete Coordenador do Ensino Artístico do Ministério da Educação para definir uma proposta de um Plano Nacional de Educação Artística. Entre 1977 e 1983, fez parte da Direção da Associação Portuguesa de Educação Musical (APEM), onde organizou os Encontros de Musicologia, cursos e congressos, entre outras iniciativas. Em 1983, organizou o 1º Festival Internacional de Música de Lisboa, iniciativa de Francisco Lucas Pires e pertenceu à Direção do Conselho Português da Música. Em 1984, regressou à Gulbenkian, para criar o ACARTE- Serviço de Animação, Criação Artística e Educação pela Arte que dirigiu até 1989, ao mesmo tempo que criou o CAI – Centro Artístico Infantil da Fundação Gulbenkian, tendo concretizado 3 edições  dos Encontros ACARTE – Novo Teatro/Dança da Europa (1987, 1988 e 1989).

Madalena Perdigão foi em 1987 eleita  membro do Comité Européenne d’Experts de Eurocreation, da Agence Française des Iniciatives de la Jeunesse en Europe, em Paris, para além de ter sido distinguida em  1988 com o prémio «Mulheres da Europa», que reconhecia o papel de uma mulher ou grupo de mulheres de um dos países da CEE que tivesse contribuído, nos dois anos antecedentes, para fazer progredir a União Europeia e ainda foi condecorada com a Ordem do Infante D. Henrique e as insígnias da Ordem do Cavaleiro da Legião Francesa.

Na sua vida pessoal,  Madalena Biscaia adotou o nome de Madalena Farinha, por casamento em 1956 com João Farinha, doutorado em Matemática e professor assistente da Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra. Estando ambos em Paris, ele como bolseiro da Gulbenkian e ela do Instituto de Alta Cultura, ele faleceu subitamente em setembro de 1957.  Ao relatar a situação ao presidente da Fundação Gulbenkian, Madalena foi por este convidada a trabalhar e será com ele, José de Azeredo Perdigão, que se casará a  6 de novembro de 1960, adotando o nome Madalena de Azeredo Perdigão. Vítima de cancro, trabalhou até ao seu último dia de vida.