As Ruas dos irmãos Andrade em Alvalade

António e Francisco de Andrade na capa de «A Comédia Portuguesa» de 15 de junho de 1889

Os irmãos e cantores líricos António e Francisco de Andrade dão ambos os seus nomes a ruas paralelas, do Bairro de Alvalade, antes identificadas como Ruas 57 e 58, desde a publicação do Edital municipal de 20 de outubro de 1955, a partir de uma sugestão enviada à edilidade numa carta de Jorge Freire Garcia, de 9 de setembro de 1947.

Esse mesmo Edital de 1955 colocou no bairro mais personalidades ligadas à música, como o barítono Dom Francisco de Sousa Coutinho (Rua 56), a violoncelista Guilhermina Suggia (Rua 59) e o compositor Rodrigues Cordeiro (Praceta III da Rua 59 ou Praceta à Rua 58), em consonância com a sugestão do olisipógrafo Luís Pastor de Macedo, então vice-presidente da Câmara, aceite pela Comissão Municipal de Toponímia na reunião de 20 de julho de 1955, para que no sítio de Alvalade se perpetuassem personalidades ligadas às Letras e às Artes, nomeadamente, na música e na pintura.

Ambos os irmãos Andrade são lisboetas que estudaram declamação com José Romano e D. Luís da Costa, assim como música com Joaquim Casimiro, Manuel Carreira e Arturo Pontecchi ( o principal maestro do Teatro São Carlos) e seguiram uma  carreira lírica, partindo ambos para Itália, em 1881, para estudarem com o tenor Corrado Miraglia e o barítono Sebastiano Ronconi.

Rua António Andrade – Freguesia de Alvalade
(Foto: Sérgio Dias| NT do DPC)

Assim, a Rua António Andrade homenageia o tenor António de Andrade e Silva (Lisboa/13.04.1854 – 18.12.1942/Lisboa), nascido na Rua dos Calafates – que no último dia do ano de 1885 passou a ser Rua do Diário de Notícias-, que após a sua especialização em Itália acabou por aí fazer a sua estreia como cantor lírico, na ópera Favorita de Donizetti. Criou os famosos papéis de Roberto em Le Villi de Puccini (1884) e Aben-Afan em Donna Bianca de Alfredo Keil (1888). Pisou os principais teatros europeus, de Lisboa e Porto até Sampetersburgo e Moscovo, na sua época áurea de 1882 a 1892.  Interrompeu a sua carreira em 1900 devido a surdez. Foi agraciado com uma uma sala inteira na exposição intitulada Noites em São Carlos , no Teatro São Carlos, durante o mês de novembro de 2013. Integra também a toponímia de Corroios.

Rua Francisco Andrade – Freguesia de Alvalade
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

A Rua Francisco Andrade homenageia o irmão mais novo de António de Andrade, o barítono Francisco Augusto de Andrade e Silva (Lisboa/11.01.1859 – 08.12.1921/Berlim – Alemanha), que partiu para Itália em 1881 e acabou por fazer a sua estreia como cantor lírico em dezembro de 1882, em San Remo, na ópera Aida de Verdi. Ficou célebre o seu desempenho no papel de Don Giovanni na ópera homónima de Mozart, tendo mesmo sido pintado no desempenho dessa personagem por Max Slevogt em 1912 (na  Alte Nationalgalerie em Berlim), pintor que o retratou mais algumas vezes a partir de 1903. Francisco d’Andrade cantou em 6 línguas, atuou nos principais teatros europeus durante 35 anos de vida artística, sendo a sua última aparição em público n’ O Barbeiro de Sevilha, como Figaro, no Coliseu dos Recreios de Lisboa, em 1918. Quando Portugal entrou na Primeira Guerra Mundial, em 1916, ele teve que sair da Alemanha onde residia há largos anos e onde só voltou em 1919. Faz parte da toponímia de Almada, Charneca da Caparica, Estoril e Fernão Ferro.

Freguesia de Alvalade
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

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