O Comando Geral da Legião Portuguesa e o Largo da Penha de França

O Quartel-general da Legião Portuguesa, foi ocupado pelas 14H00,  por uma força da Escola Prática de Cavalaria de Santarém, saída do Terreiro do Paço e comandada pelo major Jaime Neves, evitando qualquer tentativa de oposição ao MFA.

Da Praça do Comércio saíram duas forças da Escola Prática de Cavalaria de Santarém: uma força comandada por Salgueiro Maia para o Quartel da GNR no Largo do Carmo e outra, dirigida por Jaime Neves – com forças do Regimento de Cavalaria 7, Regimento de Lanceiros 2 e Regimento de Infantaria 1-, para o Comando da Legião Portuguesa, no nº 1 do Largo da Penha de França. As instalações da Legião – com o nome de código Marrocos – foram ocupadas às 14 horas evitando assim qualquer oposição ao movimento.

Este Largo da Penha de França, na confluência da Rua da Penha de França e da Rua Marques da Silva, tem a sua origem no próprio topónimo do sitio: a Penha de França. Um escultor de imagens sacras ou imaginário, de seu nome António Simões,  encontrando-se perdido em Alcácer Quibir fez a promessa de que se voltasse a Portugal fabricaria várias imagens de Nossa Senhora e lhes daria um destino condigno. Já regressado a Portugal, chamou Senhora da Penha de França (crê-se que por invocação de um santuário de Salamanca) à última imagem que produziu e esta foi inicialmente colocada na Igreja da Vitória, na  Baixa de Lisboa. Depois, o escultor lá conseguiu erguer uma Ermida, no Monte Alperche, em terrenos de Afonso Torres de Magalhães, e foi nessa Ermida ainda em construção, em 1597, que foi acolhida a dita imagem de Nossa Senhora da Penha de França, sendo apenas no ano seguinte que ficou terminado o seu templo. Em 1604, começou a construir-se no sítio uma nova Igreja, bastante maior e até com Casa Conventual que ficou terminada em 1635, sendo esta que acabou por estender o nome da Senhora da Penha de França a todo o sítio, até chegar a ser também o da própria freguesia.

O sítio foi habitado pelo menos desde a época muçulmana, memória que parece ter ficado na Calçada do Poço dos Mouros, ou até em períodos anteriores, uma vez que a toponímia portuguesa usa muitas vezes a palavra «Mouro» e seus derivados para locais ocupados ainda em períodos neolíticos ou para assinalar gente de diferentes culturas.

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