A Rua Carlos Gil no Dia Mundial da Fotografia

Carlos Gil jpeg

Já que hoje passa o Dia Mundial da Fotografia, evocamos a Rua Carlos Gil, que com a Rua Nuno Ferrari e a Rua Joshua Benoliel são os únicos três topónimos lisboetas dedicados a profissionais da arte de fotografar.

A Rua Carlos Gil, nascida no espaço dos Impasses L6, L7 e L8 da Zona L de Chelas, na freguesia de Marvila, por força do  Edital de 26/12/2001, foi proposta  pela moção de pesar aprovada por unanimidade na sessão de Câmara de 06/06/2001.

Carlos Augusto Gil (Mortágua/19.05.1937 – 03.06.2001/Lisboa), começou a trabalhar como fotógrafo para um jornal da capital, e tal como Alfredo Cunha e Eduardo Gajeiro foi um dos fotógrafos do 25 de Abril de 1974, tendo seguido o percurso dos militares entre o Terreiro do Paço e o Largo do Carmo no cimo de um veículo do exército e, desse dia ficou o seu livro Carlos Gil, Um Fotógrafo na Revolução (2004), com textos de Adelino Gomes, publicado pelo seu filho Daniel Gil.

Foto de Carlos Gil em Excluídos (1999)

Foto de Carlos Gil em Excluídos (1999)

Através da sua objectiva Carlos Gil fotografou muitas gentes e sítios de Lisboa, como em Casal Ventoso – No Vendaval da Mudança (1999), sendo paradigmática a sua obra Excluídos (1999), onde está presente a consciência social e o sentido de cidadania do fotógrafo, nas imagens singulares dos desfavorecidos de Lisboa. Fixara-se em Lisboa em 1968  e desistiu do curso de Direito, no 4º ano, para ser jornalista. Ingressou no jornal A Capital , até 1970, e aí passou a ser também fotojornalista. Daí passou, até 1977, para a revista Flama. E depois tornou-se assessor de imprensa da Junta de Turismo da Costa do Sol, ao mesmo tempo que era fotógrafo e repórter freelancer. Entre 1980 e 1982 foi colaborador permanente do diário Portugal Hoje, onde coordenava o suplemento semanal «Cooperação», assim como foi editor fotográfico das revistas Mais (1983-1985) e Tempo-Livre (1990 – 2001). Colaborou ainda com o CENJOR na formação nas áreas de Fotojornalismo e Reportagem.

Carlos Gil também privilegiou as reportagens as zonas de conflito armado e guerras de guerrilha, tendo publicado em 1984 El Salvador:o Caminho dos Guerrilheiros e, aquando da 1ª Guerra do Golfo, as suas crónicas feitas a partir de Bagdade e de Amã enriqueceram os serviços noticiosos de televisões, jornais e emissoras radiofónicas e, em 1995, fez a cobertura das eleições no Iraque para a RTP, TSF e SIC. Enquanto fotógrafo, Carlos Gil foi galardoado com o Prémio Repórter do Ano (1983) do programa Festa É Festa de Júlio Isidro, o Prémio Gazeta do Jornalismo (em 1984 e 1985), o Troféu Nova Gente (1985) e o Prémio Ibn Al Haythem (em 1996 e 1997).

Refira-se ainda que Carlos Gil havia sido chamado a cumprir o serviço militar obrigatório em Timor (de 1963 a 1965) e foi no caminho para lá, em Singapura, que adquiriu a sua 1ª máquina fotográfica e, já em Díli, teve as suas primeiras experiências jornalisticas ao colaborar com o jornal A Voz de Timor e a Emissora de Radiodifusão de Timor. Manteve sempre uma ligação particular a Figueira de Castelo Rodrigo,  onde viveu a infância e a adolescência e, a sua primeira paixão foi o teatro,  tendo colaborado em Coimbra, entre 1957 e 1960, com o Centro de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra (CITAC) e com o Grupo de Teatro Independente Teatro d’Hoje. E na tropa, em Timor ajudou a fundar o Grupo de Teatro Experimental de Timor e já em Lisboa, ainda integrou o Grupo Cénico da Faculdade de Direito de Lisboa.

Freguesia de Marvila

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