A Azinhaga das Carmelitas do Mosteiro de Santa Teresa do séc. XVII

Freguesia de Carnide
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

A Azinhaga das Carmelitas que hoje se estende do Largo da Luz à Travessa do Pregoeiro, guarda a memória das monjas do seiscentista Convento de Santa Teresa de Jesus, que se encontra no n.º 45 da Rua do Norte, em Carnide.

Em 1907, de acordo com a planta de Silva Pinto, esta Azinhaga ligava a Quinta das Carmelitas à Quinta das Camareiras.

O Convento de Santa Teresa de Jesus de Carnide, também conhecido por Convento de Santa Teresa de Jesus da Ordem das Carmelitas Descalças e de Santo Alberto foi fundado em 1642 pela Infanta D. Micaela Margarida de Sant’Ana (1582 – 1663), filha natural do Imperador da Alemanha, Mateus de Habsburgo, destinado a freiras Carmelitas Descalças e existiu com tal fito até 1891, ano do falecimento da última freira, Madre Matilde Maria de São José.

Neste Convento de Santa Teresa de Jesus se recolhiam muitas donzelas e viúvas de famílias da nobreza da época usufruindo deste complexo com igreja de uma só nave, cozinha, refeitório e dependências rurais, numa grande propriedade que em 1640 havia sido doada por António Gomes da Mata, Correio-mor do Reino, justamente para se proceder à edificação. D.  Micaela era sobrinha de D. João IV e ficou responsável por receber em 1650, a Infanta D. Maria (1644-1693), filha natural de D. João IV, até aí educada pelo Secretário de Estado, António de Cavide, que acabou por vestir o o hábito das carmelitas, no ano da morte do seu pai (1656). Esta Infanta impulsionou a conclusão das obras do Convento de Santa Teresa e da igreja, entre 1663 e 1667, assim como a ornamentação de todo o edifício com diversas pinturas, peças de ourivesaria e alfaias.

Freguesia de Carnide
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

Esta Azinhaga das Carmelitas sofreu um alinhamento no início do século XX já que para esse efeito a Câmara Municipal de Lisboa comprou um terreno a José Nunes dos Reis Guimarães, conforme escritura de 9 de novembro de 1910 e ele oferecera outro em 1906 para se alinhar a Azinhaga do Serrado, onde pretendia construir um grupo de barracas.

No começo do séc. XX, como mostram as plantas de Silva Pinto, era esta ainda uma zona rural com o Cerrado das Carmelitas e um ror de quintas como a Quinta das Carmelitas, a Quinta das Canas, a Quinta do Gaupers, a Quinta da Horta Nova, a Quinta do Marquês de Dentro, a Quinta do Marquês de Fora, a Quinta do Monte Alegre, a Quinta de Nossa Senhora da Luz, a Quinta Nova, a Quinta do Pascal, a Quinta da Ponte, a Quinta da Praça, a Quinta do Pregoeiro, e tendo arruamentos como os seguintes topónimos: Azinhaga das Carmelitas, Azinhaga da Fonte, Azinhaga da Luz, Estrada da Luz,  Largo do Jogo da Bola, Largo da Luz,  Largo da Pimenteira, Rua Direita, Rua do Machado, Rua da Mestra, Rua das Parreiras, Rua da Ponte, Rua do Seminário,Travessa do Cascão e Travessa do Pregoeiro.